Brasil busca diálogo, mas não descarta retaliar os EUA por causa de sobretaxa ao aço e ao alumínio

O governo brasileiro afirmou, na quinta-feira (8), após a confirmação das sobretaxas de importação do aço (25%) e do alumínio (10%) pelos Estados Unidos, que manterá a preferência pelo diálogo, mas não descartou ações para preservar os direitos e interesses nacionais.

Essas ações podem ser tanto em âmbito bilateral – por exemplo, a retaliação por meio da imposição de tarifas a produtos americanos – como multilateral, o que incluiria levar a questão à Organização Mundial do Comércio (OMC).

“As medidas restritivas às importações de aço e alumínio são incompatíveis com as obrigações dos EUA ao amparo da Organização Mundial do Comércio e não se justificam, tampouco, pelas exceções de segurança do GATT 1994”, afirmaram os ministros das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, e da Indústria e Comércio, Marcos Jorge.

Cadeias produtivas complementares

Segundo os ministros, o governo brasileiro “buscou, em sucessivas gestões, evitar a aplicação das medidas às exportações brasileiras, esclarecendo ao governo americano que os produtos do Brasil não causam ameaça aos interesses comerciais ou de segurança dos EUA”.

O Instituto Aço Brasil, que representa a indústrias siderúrgicas que atuam no país, afirmou que avalia, em conjunto com o governo, a entrada imediata de recurso contra o governo dos EUA para tentar reverter a medida.


O principal argumento brasileiro é que 80% da exportação de aço do Brasil para os EUA é do produto semiacabado, que é reprocessado pelas indústrias americanas para se tornar matéria-prima para os setores automobilístico, militar e de petróleo.

“O aço brasileiro não destrói emprego nos EUA e ainda complementa a cadeia produtiva deles”, afirmou o presidente do conselho diretor do Instituto Aço Brasil, Alexandre Lyra.

De acordo com o executivo, a decisão é “um tiro no pé” para os americanos, pois prejudica a própria indústria, incluindo também a de carvão mineral. Uma redução das exportações brasileiras de aço causaria um efeito colateral para a indústria de carvão mineral dos EUA, pois o Brasil importa mais de 1 bilhão de dólares por ano de carvão americano, que serve de base justamente para a fabricação do aço. (Com DW e agências internacionais)

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