Potências trocam acusações e elevam tom sobre agravamento da situação na Síria

A China advertiu nesta terça-feira (10) os Estados Unidos sobre possível opção militar na Síria e defendeu um acordo político como solução, após o presidente Donald Trump ter prometido uma ação nas próximas horas como resposta ao alegado ataque químico em Duma.

Já a Rússia, aliada do regime do ditador Bashar al-Assad e que tem negado acusações de um ataque químico contra civis, advertiu os Estados Unidos contra as “graves consequências” de uma ação militar.

“Pedimos aos ocidentais que desistam da retórica de guerra”, disse o embaixador russo na ONU, Vassily Nebenzia, no início de uma reunião de emergência do Conselho de Segurança para abordar o ataque em Douma, na segunda-feira. Ele afirmou que não houve ataque químico e que não há provas.

Nesta terça-feira, o ministro russo do Exterior, Serguei Lavrov, disse que seu país vai apresentar um projeto de resolução na ONU exigindo um inquérito conduzido por peritos independentes da Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq) sobre o alegado ataque químico em Douma.

Já o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, adversário de Assad, condenou o suposto ataque e afirmou que os seus autores “pagarão caro”. A Turquia, segundo maior Exército da OTAN, conduz uma operação militar no norte da Síria contra as milícias curdas.

O Irã, aliado de Assad, alertou por sua vez que um ataque conduzido por Israel contra uma base militar síria, nesta segunda-feira, não ficará sem resposta. A agência de notícias oficial Tasnim informou que sete iranianos morreram no ataque.


Segundo a Rússia, Israel bombardeou na noite de segunda-feira a base militar síria T4, no centro do país, provocando a morte de 14 pessoas. Embora Israel não tenha confirmado o ataque, a imprensa americana informou que o governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu compartilhou seus planos com os EUA antes de dois aviões israelenses lançarem oito projéteis, desde o território libanês, contra a base aérea.

Na Europa, a França afirmou nesta terça-feira que haverá uma resposta se for provado que as forças leais a Bashar al-Assad são responsáveis por um ataque com armas químicas. Trump conversou por telefone com o presidente Emmanuel Macron, e analistas avaliam que os EUA estudam uma resposta internacional coordenada.

Diante da troca de ameaças e acusações, a China pediu que se aguarde o resultado de uma investigação “exaustiva e imparcial, baseada em métodos científicos e provas sólidas que determine que se tratou de um ataque químico”.

A Opaq anunciou nesta segunda-feira que investiga as informações sobre um alegado ataque químico à cidade de Duma, então o último reduto rebelde na região de Ghouta Oriental, mas que seu inquérito ainda está em fase preliminar.

Segundo os Capacetes Brancos, organização dedicada ao resgate de vítimas da guerra civil síria, o ataque causou mais de 40 mortos e é de responsabilidade das forças leais a Assad.

As forças do governo sírio estão de prontidão depois de Trump ter advertido, nesta segunda-feira, que não exclui a possibilidade de uma intervenção militar na Síria, afirmou o Observatório Sírio de Direitos Humanos, uma ONG baseada em Londres. (Com agências internacionais)

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