Raquel Dodge reitera pedido para STF receba denúncia contra o enrolado senador Aécio Neves

(Dida Sampaio – Estadão)

A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, reiterou no Supremo Tribunal Federal (STF), nesta segunda-feira (16), pedido de abertura de ação penal contra o senador Aécio Neves (PSDB-MG) em um dos inquéritos resultantes da delação do empresário Joesley Batista, do grupo J&F. Se o pedido for aceito, o senador e mais três pessoas passarão à condição de réus no processo.

O julgamento sobre o recebimento da denúncia pela Primeira Turma do STF está marcado para terça-feira (17). Também são alvos da mesma denúncia a irmã do senador, Andrea Neves, o primo, Frederico Pacheco, e Mendherson Souza Lima, ex-assessor parlamentar do senador Zezé Perrella (MDB-MG), flagrado com dinheiro vivo. Todos foram acusados de corrupção passiva.

De acordo com a denúncia da PGR, apresentada há mais de dez meses, Aécio solicitou a Joesley Batista, em conversa gravada pela Polícia Federal (PF), R$ 2 milhões em propina, em troca de sua atuação política. O senador foi acusado pelo então procurador-geral da República Rodrigo Janot dos crimes de corrupção passiva e tentativa de obstruir a Justiça.


A reboque de desculpa nada convincente, Aécio alegou que apenas solicitou um empréstimo a Joesley Batista e que o dinheiro serviria para pagar os honorários do advogado que o defende no âmbito da Operação Lava-Jato. Como vem salientando o UCHO.INFO ao longo dos últimos meses, os honorários de um criminalista badalado, como o que defende o senador tucano, sempre gravita na órbita dos sete dígitos, talvez na dos oito. Ou seja, a história de Aécio é muitíssimo mal contada.

Nos memorais enviados aos ministros da Primeira Turma, responsável pelo julgamento do caso, Raquel Dodge rebateu as argumentações da defesa e pediu o recebimento da denúncia.

“Tal conduta caracteriza o denominado ato de ofício em potencial, desde que presentes as demais elementares do tipo penal do crime de corrupção. Essas conclusões fáticas bastam para enquadrar a conduta de Aécio Neves e dos demais acusados no crime de corrupção passiva”, diz a PGR.

Em nota divulgada na última terça-feira, o criminalista Alberto Zacharias Toron, que representa Aécio Neves, afirmou que o senador foi “vítima de uma situação forjada, arquitetada por criminosos confessos que, sob a orientação do então procurador Marcelo Miller, buscavam firmar um acordo de delação premiada fantástico”. (Com ABr)

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