Grupo de eurodeputados pede boicote diplomático à Copa do Mundo na Rússia

No embalo da crise entre Moscou e o Ocidente, sessenta eurodeputados exigiram nesta sexta-feira (2) que governos da UE deixem de enviar suas delegações à Copa do Mundo da Rússia, que acontecerá no próximo mês de junho). Após o envenenamento do ex-espião Sergei Srkipal, com agente neurotóxico, Reino Unido e Islândia anunciaram boicote ao evento esportivo.

Em carta aberta, os parlamentares – de 15 países e distintos grupos políticos – exigem que os governos dos países da UE sigam o exemplo do Reino Unido e deixem de enviar delegações ao país que sediará o torneio futebolístico organizado pela FIFA.

Londres decidiu não enviar membros do governo ou da família real à Copa do Mundo após o envenenamento do ex-espião russo. O Reino Unido culpa o Kremlin pela tentativa de homicídio, enquanto Moscou nega envolvimento.

O caso gerou uma crise diplomática em nível global, provocando à expulsão de centenas de diplomatas em vários países. Nessa queda de braços entre Londre e Moscou entraram alguns aliados britânicos, como Canadá, Estados Unidos e vários países europeus.

Após a decisão britânica de boicotar a Copa, a Islândia – que não faz parte da UE e participa pela primeira vez do Mundial – anunciou que também não enviará representantes do governo.

De acordo com o jornal alemão Bild, os eurodeputados defendem na carta que “os governos não devem encorajar a atitude autoritária e antiocidental do presidente Vladimir Putin”, mas “erguer suas vozes em favor da proteção dos direitos humanos, dos valores democráticos e da paz”.

“O ataque com agente nervoso em Salisbury é apenas o mais novo capítulo da zombaria de Vladimir Putin sobre nossos valores europeus”, destaca o texto.


Além do envenenamento na Inglaterra, a carta também menciona como razões para o boicote os bombardeios na Síria, a anexação da Crimeia e a falta de liberdade na Rússia.

Os parlamentares atribuem a Moscou “bombardeios indiscriminados em escolas, hospitais e áreas civis na Síria; invasão militar na Ucrânia com uso de força; pirataria sistemática; campanhas de desinformação; e interferência em eleições”.

O texto também rechaça o que chama de “tentativas de desestabilizar a nossa sociedade e debilitar e dividir a EU”. “Tudo isso transforma a Rússia num anfitrião pouco adequado para o Mundial”, acrescenta.

Os eurodeputados concordam que o esporte pode contribuir para suspender “pontes metafóricas”, mas ressaltam que, enquanto Putin seguir destruindo “pontes reais na Síria”, é impossível esperar que a Copa do Mundo seja um evento esportivo válido.

A carta recorda que a invasão na Ucrânia ocorreu poucos dias após o fim dos Jogos Olímpicos de Inverno de 2014, na cidade russa de Sochi. Por isso, desta vez, é preciso parar de incentivar “suas graves violações aos direitos humanos”, afirmam os parlamentares da UE. (Com agências internacionais)

apoio_04