Marte pode ter lago com água líquida e salgada, afirmam cientistas italianos

    Cientistas encontraram evidências de um grande lago sob uma camada de gelo no polo sul de Marte, reforçando a hipótese de que existe vida no planeta, aponta um estudo publicado na revista “Science” nesta quarta-feira (25).

    Os resultados da pesquisa, liderada por cientistas italianos, foram apresentados na sede da Agência Espacial Italiana e classificada por seu presidente, Roberto Battiston, como “a mais importante dos últimos anos”.

    Uma análise de dados coletados entre 2012 e 2015 por um instrumento a bordo da nave Mars Express, lançada em 2003 pela Agência Espacial Europeia, revelou a existência do suposto lago. O aparelho é capaz de transmitir pulsos de radar que penetram a superfície e as calotas polares de Marte.

    Com cerca de 20 quilômetros de largura e coberto por uma camada de gelo de quase 1,5 quilômetro de espessura, o suposto lago representaria o primeiro corpo estável de água líquida já descoberto no planeta vermelho. O perfil visto por radar lembra o de lagos sob camadas de gelo na Antártica e na Groenlândia.

    “Este é o lugar em Marte onde há algo que mais lembra um habitat, um lugar onde a vida poderia se manter”, disse o cientista planetário Roberto Orosei, do Instituto Nacional de Astrofísica na Itália, líder do estudo publicado na “Science”.

    Apesar de a água do lago estar a estimados -10 °C, abaixo da temperatura de congelamento da água pura (0 °C), ela permanece líquida por conter grande quantidade de sais, afirmam os cientistas.


    Alguns especialistas são céticos quanto à possibilidade de vida pelo fato de o lago ser tão gelado e conter grande quantidade de sais e minerais. Para Orosei, no entanto, embora o ambiente seja inóspito, micro-organismos poderiam ter se adaptado a tais condições.

    Os cientistas pretendem buscar mais sinais de corpos de água no planeta. “Não há razão para concluir que a presença de água abaixo da superfície em Marte seja limitada a um único local”, afirmam os autores do estudo.

    Adotando um tom cauteloso, David Stillman, pesquisador sênior do Departamento de Estudos Espaciais do Instituto de Pesquisa do Sudoeste do Texas e que não participou da pesquisa, advertiu que a descoberta precisa ser confirmada por outra nave ou outros instrumentos.

    Hoje frio e seco, o planeta vermelho abrigava água líquida há cerca de 3,6 bilhões de anos. Encontrar água ajudaria a descobrir se já houve vida em Marte no passado e se ela pode ter resistido até hoje.
    A descoberta de água também poderia ajudar humanos a sobreviver em uma missão tripulada ao planeta vizinho à Terra no futuro, embora o lago não tenha água potável.

    Apesar do ânimo com as evidências de existência do lago, verificar se há vida no local poderia levar anos. uma possibilidade seria perfurar o gelo para retirar uma amostra da água. (Com agências internacionais)