Ao levantar sigilo da delação de Palocci a poucos dias do 1º turno, Moro age como árbitro eleitoral

O que foi revelado até agora da delação premiada de Antonio Palocci Filho não traz qualquer novidade acerca do esquema de corrupção que reinou nos governos do PT e derreteu os cofres da Petrobras. Trata-se apenas da confirmação daquilo que o UCHO.INFO vem afirmando ao longo de anos, período em que foi acusado de maneira torpe por jornalistas que sequer se deram ao trabalho de investigar os fatos. Esses proxenetas da informação passaram a dar importância ao escândalo apenas quando a Operação Lava-Jato veio à tona, em março de 2014.

Suspender o sigilo do anexo 1 da delação de Palocci faltando menos de uma semana para o primeiro turno das eleições de 2018 é querer interferir de alguma maneira no processo eleitoral, como já afirmou este portal. Ao juiz Sérgio Moro, que decidiu pelo levantamento do sigilo da delação do petista, não cabe o papel de ser árbitro da eleição, mas, sim, o dever de dar sequência às ações penais sob sua jurisdição.

Há no País um movimento revanchista que busca mudar a realidade a fórceps e com bílis, como se essa receita fosse a melhor de todas. Lula está condenado e preso de forma acertada e de acordo com o que determina a legislação vigente, por isso é preciso evitar qualquer deslize que possa macular o processo legal como um todo, não colocando em risco a confiabilidade de um longo e árduo processo de assepsia do Estado.


O PT e os advogados de Lula continuam insistindo na esdrúxula tese de que a condenação resultou de perseguição política e caçada judicial, o que não é verdade. O ex-presidente incorreu em crimes comuns e foi condenado com base na lei, respeitados seus direitos como réu. O que vem ocorrendo nos últimos dias a partir de decisões da Justiça começa a dar subsídios para que os defensores do ex-metalúrgico reforcem esse discurso insano.

É preciso tranquilidade e parcimônia diante do cenário atual, pois ninguém tem o direito de decidir a eleição, a não ser o eleitor. Considerando que a delação de Antonio Palocci não revelou qualquer novidade, o levantamento do sigilo de maneira açodada mostrou que há interesses terceiros por trás da decisão.

Tomando por base o fato de que Antonio Palocci Filho está preso desde 26 de setembro de 2016, ou seja, há dois anos, esperar mais três semanas para revelar o teor de parte da delação do ex-ministro da Fazenda em nada mudaria a ordem dos fatos. O pouco que resta de democracia no Brasil está sob ameaça, mas tudo poderá acabar se a legislação for aplicada sob condições e o bom senso jurídico for ignorado.