Secretário da Receita, Marcos Cintra, desmente Bolsonaro e diz que não haverá aumento do IOF

Que Jair Bolsonaro é um “paraquedista” em termos de economia não é novidade. O próprio presidente da República, quando estava em campanha, disse em entrevista que não entende sobre o tema e por isso entregou o Ministério da Economia a Paulo Guedes, a quem chama de “Posto Ipiranga”.

Da mesma maneira não é novidade que o governo, à semelhança de Bolsonaro, padece com problemas de comunicação, algo que pode dificultar sobremaneira a vida dos palacianos nesse começo de gestão.

Logo após Bolsonaro confirmar que assinou decreto para elevar a alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), o secretário especial da Receita Federal, Marcos Cintra, negou que o governo aumentará o tributo como forma de compensar o aumento de despesas decorrente da prorrogação de benefícios para o Norte e o Nordeste.

“Não, não. Deve ter sido alguma confusão. Ele não assinou nada”, disse Cintra ao deixar o Palácio do Planalto após reunir-se com o presidente.


A reunião não constava da agenda de Bolsonaro. O ministro Paulo Guedes, que está no Rio de Janeiro, não se manifestou sobre o assunto, muito menos sobre o desencontro de informações.

Em evento no comando da Aeronáutica, na manhã desta sexta-feira (4), Jair Bolsonaro confirmou ter assinado o decreto. “Infelizmente, foi assinado decreto nesse sentido para quem tem aplicações fora. É para poder cumprir uma exigência de um projeto aprovado, tido como pauta bomba, contra nossa vontade”, disse o presidente.

Por outro lado, Marcos Cintra, ao deixar o Palácio do Planalto, descartou necessidade de compensação de receita, alegando que não haverá aumento de gastos com a prorrogação dos benefícios fiscais para empresas das áreas da Sudam (Amazônia) e da Sudene (Nordeste).

A equipe econômica do governo do ex-presidente Michel Teme estimou impacto de R$ 3,5 bilhões nas contas públicas ao ano com a prorrogação dos mencionados benefícios. Em suma, é preciso saber quem está com a razão.

Bolsonaro precisa não apenas organizar a comunicação do governo com máxima urgência, mas aprender a combinar discursos com antecedência. Falar de supetão para quem está longe de ser um primor em oratória normalmente causa problemas indesejáveis.