Bolsonaro se acovarda diante do criminoso “laranjal” do PSL e decide não incomodar ministro do Turismo

O que Jair Bolsonaro, presidente da República, “fala em pé, não escreve sentado”. Quando decidiu ser candidato ao Palácio do Planalto, na esteira das trapalhadas petistas, o capitão reformado prometeu acabar com o que chamou de “velha política”, como se ele próprio não fosse um representante dessa maneira espúria de fazer política no País.

Ao assumir ter a eleição confirmada no segundo turno e começar a escolher os integrantes da equipe ministerial, Bolsonaro voltou a entoar o cântico da moralidade, anestesiando mais uma vez a consciência dos incautos que lhe confiaram o voto.

Esse embuste ficou patente com o convite oficial ao então juiz federal Sérgio Moro, que ouviu de Bolsonaro que no governo não seriam tolerados escândalos de corrupção e outros quetais. E quando isso ocorresse, o pivô do escândalo seria imediatamente afastado mediante “denúncia robusta”.

Ministro do Turismo, o deputado federal licenciado Marcelo Álvaro Antônio (PSL-MG) afunda cada vez mais no escândalo das candidatas-laranja, mas o presidente da República prefere minimizar o episódio, dando a entender que esse tipo de expediente é comum na política nacional, como de fato é.


Com o aumento das denúncias de mulheres que foram candidatas em Minas Gerais, pelo PSL, apenas para cumprir as regras eleitorais e obrigadas a repassar a Marcelo Álvaro boa parte dos recursos do fundo eleitoral, o mínimo que poder-se-ia esperar do presidente era que o ministro permanecesse afastado do cargo enquanto durassem as investigações.

Contrariando as regras da boa governança, Bolsonaro, depois de longo e obsequioso silêncio, resolveu falar sobre o imbróglio envolvendo o ministro do Turismo. Apesar de aconselhado por assessores a tomar uma decisão o quanto antes Bolsonaro limitou-se a dizer “deixa as investigações continuarem”.

O presidente, que envolveu-se em desastrada e desastrosa polêmica no Carnaval, parece não ter compreendido o recado enviado a partir dos sambódromos e dos blocos que ganharam as ruas do País, com muitos foliões vestindo roupas na cor laranja. Dilma Rousseff cometeu o mesmo erro quando decidiu ignorar o ruído dos panelaços que ganharam com rapidez as janelas do Brasil.

Para quem prometeu promover uma faxina ética na política brasileira, Jair Bolsonaro é a personificação do fiasco. Talvez porque lhe falte coragem para levar a cabo o que prometeu durante a campanha ou, então, mexer no “laranjal do PSL” pode mandar o governo pelos ares. Como cantou Noite Ilustrada, “laranja madura, na beira da estrada, tá bichada Zé ou tem marimbondo no pé”.