Doria exala covardia ao afirmar que 6 mortes após tempestade ocorreram em áreas de risco da Grande SP

Que a extensa maioria dos governantes brasileiros é incompetente, oportunista e insensível todos sabem, mas em alguns momentos a falta de bom senso de alguns políticos beira o acinte. É o que demonstrou o governador de São Paulo, João Doria Junior (PSDB), quando instado a falar sobre as 6 mortes causadas pela tempestade que castigou a Grande São Paulo desde a noite de domingo (10).

Na tarde desta segunda-feira (11), Doria, um gazeteiro profissional que especializou-se em escapar de situações de dificuldade, disse que as seis mortes ocorreram em propriedades construídas de forma irregular em áreas de risco da Grande São Paulo. A falta de sensibilidade do governador paulista é um atentado contra os que perderam seus familiares não por irresponsabilidade, mas porque não tiveram opção de moradia.

“Quero lamentar a perda de 11 vidas, dada a intensidade das chuvas. Seis das quais em áreas de risco, ou seja, em deslizamento de suas propriedades que estavam irregularmente montadas nessas áreas. Mas nós, mesmo assim, lamentamos muito a perda dessas vidas e das outras cinco pessoas que se afogaram ao longo dessas últimas 24 horas”, disse.

No momento em que a população paulista esperava uma palavra de apoio às famílias que perderam parentes na tragédia que se abateu sobre a região metropolitana da cidade de São Paulo, Doria mostrou o seu lado pífio como ser humano, como se a culpa fosse dos mortos.

Se as áreas onde ocorreram as mortes eram irregulares – o UCHO.INFO não está duvidando da informação –, que o Poder Público não tivesse fornecidos serviços básicos nem cobrado impostos. No momento em que as autoridades aceitam que pessoas morem em áreas de risco, disponibilizando serviços básicos, o mínimo que se espera é que diante da tragédia tenham postura menos prosaica e covarde.

Enquanto estava em campanha, Doria, como sempre, “vendeu” ao eleitor da mais importante unidade da federação a imagem de “bom samaritano”, mas, devidamente instalado no Palácio dos Bandeirantes, começa a mostrar sua verdadeira face. Que os paulistas se preparem, pois esse é apenas o começo de uma ópera bufa em muitos atos.


Deve explicação

João Doria, que deixou a Prefeitura paulista após quinze meses, ainda não explicou aos munícipes o escândalo envolvendo o santuário Theotokos, comandado pelo popular padre Marcelo Rossi. Um e-mail entregue ao Ministério Público paulista revela que a prefeitura de São Paulo realizou serviços de modernização da iluminação do palco do santuário.

Na verdade, o serviço foi executado pela empresa FM Rodrigues, que era responsável pela manutenção da iluminação da cidade e liderou o consórcio vencedor da PPP da Iluminação Pública de São Paulo, cujo contrato foi anulado por determinação da Justiça.

Bia Doria, então primeira-dama da capital, foi convocada pelo MP para depor na qualidade de testemunha, em agosto de 2018, e negou ter solicitado a instalação de equipamentos de iluminação na parte interna do templo do padre Marcelo.

O depoimento da ex-primeira-dama foi desmontado pelas declarações do técnico de iluminação do templo, Antonio Nunes de Miranda Sobrinho, que em junho do ano passado disse aos promotores que Bia Doria deu ordem para instalar luzes de LED, um equipamento para efeitos e uma mesa para controlar a intensidade da iluminação.

A instalação das lâmpadas e dos equipamentos no templo Theotokos foi feita pela empresa FM Rodrigues, acusada de ter pago propina a servidores do Ilume para ser beneficiada no processo de licitação da PPP.

O UCHO.INFO tem cópia do mencionado e-mail e uma gravação em que um então servidor do Ilume, exonerado na esteira do escândalo de corrupção, dá ordens por telefone para que funcionários da FM Rodrigues executem o serviço no templo religioso.