Manifestação a favor de Bolsonaro pode ser o fim de um governo que não começou e a derrocada do País

A imaturidade política do governo de Jair Bolsonaro chega a assustar até mesmo os mais inexperientes no assunto. Há quem diga que é preciso esperar quatro anos para avaliar o desempenho do atual presidente da República, mas a atual situação do país não permite esperar tanto tempo para descobrir o que já se sabe com antecedência: o fiasco há de continuar se nada for mudado.

Na corrida ao Palácio do Planalto, em 2018, em um dos debates eleitorais, Bolsonaro disse que era o único candidato capaz de solucionar os muitos problemas do Brasil. Na ocasião, o UCHO.INFO afirmou que nenhum candidato tinha condições de cumprir as promessas feitas, pois os problemas nacionais são enormes e as soluções exigem tempo que ultrapassam o período do mandato presidencial.

Com um discurso fácil e tosco, Jair Bolsonaro acreditou que ao chegar ao Palácio do Planalto teria aos seus pés um Parlamento acovardado e passível de dominação, o que revela sua incompetência política, mesmo depois de ter passado 28 anos na Câmara dos Deputados.

Que Bolsonaro é um trapalhão confesso em termos de articulação política todos sabem, mas tratar a pontapés e insinuações canhestras os parlamentares é agir contra o próprio governo. O discurso da “velha política” pode ter funcionado em parcela do eleitorado, mas provocou – e ainda provoca – ruídos no Congresso Nacional. Não obstante, o responsável pela articulação política do governo, Onyx Lorenzoni (Casa Civil), é tão incapaz quanto o presidente.

O governo perdeu a chance de ouro de aprovar matérias importantes no período inicial do governo (os primeiros 100 dias), que no caso de Bolsonaro ampliamos para seis meses, mas ao que tudo indica essa nesga de tempo foi jogada no lixo por políticos inábeis e crentes que é possível governar à base do radicalismo e da ignorância.


Com polêmicas acontecendo quase que diariamente em diversos ministérios, com direito a demissões e recuos vexatórios, e derrotas retumbantes no Congresso, Bolsonaro recorre à vitimização no afã de ter a opinião pública ao seu lado na cruzada contra o Congresso, como se isso mudasse a realidade atual. O texto de autoria desconhecida divulgado pelo presidente nas redes sociais na última semana, que trata de um país ingovernável, demonstra claro sinal de fraqueza de Bolsonaro, que deveria destilar altivez.

Se o ânimo do brasileiro já não é dos melhores, pelo contrário, esse “coitadismo” de Bolsonaro serve para piorar o que há muito é ruim. E que o presidente não queira repetir os antecessores colocando a culpa em outros ocupantes da Presidência, pois essa fórmula da “síndrome do retrovisor” já está caduca.

Para um governo que dentro de dez dias ingressará no seu sexto mês, a convocação de uma manifestação de apoio a Bolsonaro é o que se pode chamar de suicídio político generalizado. Primeiro porque confirmará a incapacidade de governar do presidente, algo conhecido por aqueles que acompanham de perto a política brasileira.

Outro ponto que deve ser considerado é o risco de a manifestação agendada para o próximo sábado (26) ampliar a frente de atrito entre o Palácio do Planalto e o Congresso. Se der tudo certo, como esperam os bolsonaristas, ficará a sensação de que o governo é realmente fraco e precisa de manifestações para seguir adiante. E os parlamentares ganharão força extra. Se der errado, ou seja, se as ruas do País estiverem vazias ou com número baixo de manifestantes, o governo entrará em torvelinho, o que piorará ainda mais a frágil situação de Bolsonaro. E os parlamentares ganharão força extra.

No momento em que o País aguarda a aprovação da reforma da Previdência, mesmo que seja por meio de uma proposta alternativa, como já se cogita no Legislativo, o melhor que se pode fazer é pensar com cérebro, não com o fígado. Alguém há de dizer que no momento Bolsonaro precisa de apoio, mas bom seria que alguém dissesse ao presidente que chegou a hora de cessar as bobagens e começar a governar. Por enquanto, o que se viu foi um devaneio ideológico de alguém que não sabe o que é política e continua refém dos filhos e de gurus de araque.