Theresa May acena com possibilidade de segundo referendo sobre o Brexit

A primeira-ministra britânica, Theresa May, anunciou nesta terça-feira (21) que pedirá ao Parlamento para que decida acerca de eventual novo referendo sobre a saída do Reino Unido da União Europeia (UE), o chamado Brexit.

May disse que incluirá no projeto do acordo de saída um requerimento para que os parlamentares decidam se haverá ou não um segundo referendo, exigência central de muitos deputados oposicionistas. Ela própria é contra um novo referendo, mas alegou que percebe “sentimentos genuínos e sinceros” dentro do Parlamento nesse sentido.

O Parlamento já rejeitou três vezes o acordo negociado por ela com Bruxelas. O “novo acordo” apresentado por May inclui uma união aduaneira temporária com a UE, até as próximas eleições gerais no Reino Unido, assim como garantias para manter os direitos trabalhistas e os padrões ambientais da UE.

Segundo a premiê, trata-se de uma última chance para que o Brexit ocorra de forma ordenada. Ela argumentou que quem votar contra a sua proposta de acordo votará, na prática, contra o Brexit.

Com a concessão, Theresa May espera conquistar os votos da oposição para aprovar a medida, que encontra resistência dentro do seu partido. O principal impasse é a união aduaneira temporária com a Europa, rejeitada por parte de conservadores pró-Brexit.


Um novo referendo é a principal demanda dos parlamentares trabalhistas, contrários à saída do bloco. Ao voltar atrás sobre a questão para conquistar a oposição, May pode estar contando com o fato de que uma nova votação popular precisa do aval dos parlamentares, que podem barrar essa opção.

Após o anúncio da primeira-ministra, alguns parlamentares conservadores se posicionaram contra a proposta. Simon Clarke, que havia apoiado o acordo na terceira votação no Parlamento, disse que a concessão de May era “ultrajante” e afirmou que votará contra a medida.

O Partido Trabalhista também rejeitou a proposta. “Não podemos apoiar esse acordo que é basicamente uma repetição do que foi discutido antes”, afirmou o líder da legenda, Jeremy Corbyn.

O Reino Unido deveria ter deixado a UE em 29 de março, mas o prazo foi ampliado para 31 de outubro devido ao impasse político no país, cujo Parlamento não consegue aprovar o acordo de saída negociado por May em Bruxelas. A próxima votação do acordo deve ocorrer no início de junho.

Sem a aprovação do acordo, o Reino Unido deverá deixar o bloco abruptamente em 31 de outubro. Há temores que uma saída desordenada possa levar a uma desaceleração econômica e comprometer o fornecimento de suprimentos médicos e alimentares devido à introdução de controles de fronteira e tarifas de um dia para o outro. (Com agências internacionais)