Porta-voz descarta demissão de chefe da Casa Civil, mas não será surpresa se Onyx sair por conta própria

Quando o nome de Onyx Lorenzoni foi anunciado para o comando da Casa Civil da Presidência da República, o UCHO.INFO afirmou que o democrata gaúcho duraria no máximo seis meses no cargo, pois não pode assumir a articulação política do governo um deputado que ao longo de quatro mandatos permaneceu no chamado “baixo clero”. A nossa afirmação foi referendada por pessoas que conhecem Lorenzoni desde os tempos de faculdade.

Sem jogo de cintura para fazer a ponte entre o Congresso e um governo populista e que flerta diuturnamente com o retrocesso, Onyx Lorenzoni recentemente sofreu o primeiro golpe desferido pelo presidente da República. Assistiu calado à desidratação da Casa Civil e viu um dos seus subordinados, o ex-subchefe de assuntos jurídicos da pasta, Jorge Antônio Oliveira, ser alçado ao posto de ministro da Secretaria-Geral da Presidência.

Oliveira, que é amigo de longa data da família Bolsonaro, não boas lembranças da relação com Lorenzoni e estaria fomentando a artilharia contra o ex-chefe. Nos últimos dias cresceram os rumores sobre uma possível demissão de Onyx, mas por enquanto o presidente da República descarta nova baixa na equipe. Mesmo assim, há quem garanta que a demissão do chefe da Casa Civil deverá acontecer após a aprovação da reforma da Previdência.

Diante dos crescentes rumores, o porta-voz da Presidência, Otávio do Rêgo Barros, descartou nesta segunda-feira (1) a demissão de Onyx Lorenzoni. Questionado se o presidente Bolsonaro estudava a demissão do chefe da Casa Civil, o porta-voz foi enfático ao dizer “não”, destacando que nenhuma outra substituição no primeiro escalão do governo está sendo avaliada no momento.


O esvaziamento da Casa Civil começou com a transferência da articulação política do governo para Luiz Eduardo Ramos, que tomará posse como ministro da Secretaria de Governo na próxima quinta-feira (4). O desmonte continuou com a transferência de Jorge Antônio Oliveira para a Secretaria-Geral da Presidência, que também será responsável pelos assuntos jurídicos.

Com essas mudanças, Onyx Lorenzoni ficará responsável pelo Programas e Parcerias e Investimentos (PPI), o que é considerado pouco para quem até recentemente circulava pela Praça dos Três Poderes com ares de quem “dá as cartas”.

Na política não se pode considerar apenas o momento, pois é preciso avaliar o futuro. Isso posto, o chefe da Casa Civil precisa pensar no cacife político atual e os efeitos nefastos de uma demissão, principalmente para quem se acostumou com a reeleição.

No caso de Onyx Lorenzoni deixar a vaidade de lado e decidir reassumir o mandato de deputado federal, o governo poderá ter problemas mais adiante. Até porque, na política, como prega a sabedoria popular, “a vingança é um prato que se come frio”.