Israel: rival rejeita governo de coalizão liderado por Netanyahu; impasse persiste no Parlamento

O ex-militar Benny Gantz, líder do partido centrista Azul e Branco, rejeitou nesta quinta-feira (19) uma proposta do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, para formar uma coalizão de governo, após as concorridas eleições gerais no país, que não deixaram um vencedor claro.

Gantz disse que ele, e não Netanyahu, deveria ser o primeiro-ministro do futuro governo, uma vez que a aproximação do fim das apurações indica que seu partido deverá conseguir a maioria no Parlamento, ainda que seja de apenas duas cadeiras.

Após as eleições desta terça-feira, Netanyahu surpreendeu ao convidar o Azul e Branco para compor o novo governo com seu partido, o Likud, mesmo dizendo que preferia uma aliança somente com legendas de direita.

“Durante as eleições, pedi o estabelecimento de um governo de direita”, disse o premiê em mensagem de vídeo. “Mas, infelizmente, os resultados mostraram que isso não será possível”, afirmou, antes de chamar Gantz para compor “um governo de unidade ampla”.

Netanyahu e Gantz se encontraram rapidamente em uma cerimônia em homenagem ao ex-presidente Shimon Peres e posaram para fotos com o atual presidente, Reuven Rivlin, o que parecia sinalizar um entendimento entre os dois candidatos.

Mas, ao recusar a proposta, Gantz, insistiu que ele deveria ser o chefe de governo em uma provável coalizão. Apesar da frágil vantagem, o Azul e Branco, assim como os demais partidos, não demonstra um caminho seguro para forjar uma aliança majoritária, o que não impediu seu líder de realizar vários chamados por um governo de unidade.

“O povo votou claramente em favor de unidade”, disse Gantz a repórteres. “O Azul e Branco possui, neste momento, 33 cadeiras [no Parlamento], enquanto Netanyahu não obteve maioria suficiente para formar a coalizão que desejava”, observou.

“Ouviremos a todos, mas não aceitaremos mandatos que sejam impostos a nós”, disse o ex-chefe das Forças Armadas do país, que desafiou Netanyahu nas urnas mesmo sem ter nenhuma experiência política.


O primeiro-ministro se disse “surpreso e desapontado” com a recusa de Gantz. Sua tentativa de aproximação reflete a ameaça que o resultado das eleições representa para sua condição como o mais longevo primeiro-ministro de Israel, num momento em que está prestes a ser formalmente acusado de corrupção. O rápido fechamento de uma aliança com Gantz o deixaria fortalecido.

Anteriormente, o Azul e Branco tentou apelar a membros do Likud para que eles abandonassem Netanyahu e aderissem a um novo governo de unidade. Mas, até o momento, não há nenhum sinal de que os parlamentares da legenda governista estariam dispostos a fazê-lo agora.

Antes do anúncio dos resultados oficiais das eleições, a imprensa israelense destacava que, com 97% dos votos contados, o Azul e Branco possuía 33 cadeiras no Parlamento, contra 31 do Likud, de um total de 120.

O ex-ministro da Defesa Avigdor Lieberman surge como o potencial fiel da balança dessas eleições, após seu partido, o nacionalista secular Israel é Nosso Lar, conquistar 8 cadeiras.

A legenda Lista Unida, que reúne partidos da minoria árabe israelense recentemente unificados, aparece de modo surpreendente como a terceira força política do país, conquistando 13 cadeiras.

Ayman Odeh, líder do partido, poderia se tornar o primeiro líder oposicionista árabe da história de Israel se o Likud e o Azul e Branco chegasse a um acordo para formar uma aliança de governo.

Um governo israelense que deseje ter estabilidade normalmente precisa contar com pelo menos 61 cadeiras no Parlamento. O cenário agora não é muito diferente do vivenciado após as últimas eleições, que ocorreram em abril. Na ocasião, os principais partidos também não encontraram um caminho viável para governar, provocando a convocação de mais uma eleição em menos de um ano.

Após a confirmação do resultado das eleições, o presidente Reuven Rivlin realizará consultas com todos os partidos eleitos para o Parlamento para então escolher quem receberá o mandato para formar o novo governo. (Com agências internacionais)