Discurso irresponsável e oportunista de Bolsonaro a garimpeiros provoca reações em vários setores

Triste do país cujo presidente precisa criar uma polêmica a cada dia para ser notícia. Esse é o caso do Brasil e de Jair Bolsonaro, o fanfarrão que, a reboque de promessas ufanistas, foi eleito para decidir os destinos do País até o final de 2022.

Confirmando matéria anterior do UCHO.INFO, a declaração de Bolsonaro aos garimpeiros que se aglomeraram em frente ao Palácio do Planalto foi marcada pela irresponsabilidade e pelo populismo barato de um governante que até o momento não mostrou a que veio. E dificilmente conseguirá fazê-lo até o final do mandato.

Ao falar para os garimpeiros de Serra Pelada (PA) que foram a Brasília para cobrar intervenção federal no garimpo e administração militar no setor, Bolsonaro voltou a fustigar nações estrangeiras com afirmações descabidas e desprovidas de lógica e também de provas. Em linguajar chulo, o presidente afirmou que outras nações criticam a crise ambiental brasileira porque têm interesse na riqueza mineral da Amazônia.

Entre o que Bolsonaro pensa e fala e a realidade dos fatos há uma considerável diferença, pois a exploração mineral no Brasil depende de autorização concedida pelo próprio governo, por meio da Agência Nacional de Mineração (ANM), que substituiu o confuso e polêmico Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), extinto no apagar das luzes do governo do então presidente Michel Temer.

As declarações do presidente da República por certam causaram reações das mais diversas, o que confirma nossa afirmação de que Bolsonaro é dependente da polêmica para manter-se em evidência.


O Greenpeace, por exemplo, afirmou que a fala irresponsável de Bolsonaro pode acirrar ainda mais os conflitos já existentes na região amazônica, onde madeireiros e garimpeiros têm invadido terras indígenas, sempre a reboque de ameaças e intimidações de todos os naipes. Até mesmo os ficais do Ibama, responsáveis por impedir atividades ilegais no bioma amazônico, são alvo de ameaças.

“Conflitos de garimpeiros que invadem terras indígenas, por exemplo, conflitos com madeireiras, desmatamento ilegal, consequências gravíssimas pro país, para a nossa biodiversidade e pra economia. A Presidência da República precisa resolver esses problemas. O presidente não pode fazer um palanque na frente do Palácio do Planalto e incitar ainda mais o conflito”, disse Márcio Astrini, coordenador de políticas públicas do Greenpeace.

O presidente da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara, deputado Rodrigo Agostinho (PSB-SP), criticou a declaração do presidente de que outros países querem controlar a Amazônia. De acordo com o parlamentar, hoje já são mais de 100 áreas de mineração legalizadas na Amazônia. Mesmo assim, Bolsonaro acena aos garimpeiros com a possibilidade de legalizar o que é ilegal.

“Quem declara quem vai explorar a mineração na Amazônia é o próprio governo federal a partir da Agência Nacional de Mineração. Então, é um grande equívoco achar que um estrangeiro vai comprar a terra e vai levar o nosso minério embora. Quem decide quem vai explorar é o próprio governo federal”, disse Rodrigo Agostinho.

Em recente declaração, Jair Bolsonaro afirmou que pretende firmar acordos com mineradoras norte-americanas para a exploração mineral na Amazônia. Isso mostra que a preocupação do presidente não é com nações estrangeiras, mas com o compromisso assumido publicamente com empresas americanas.

Ao dirigir a palavra aos garimpeiros, Bolsonaro aproveitou para mais uma vez atacar o cacique Raoni, acusando-o de maneira leviana de tomar champagne em suas viagens internacionais. Raoni, ao contrário do que afirma o presidente da República, é uma liderança indígena respeitada por várias tribos brasileiros e em vários países. Na realidade, Raoni é mais respeitado internacionalmente do que o próprio Bolsonaro.