Secretário da Cultura abusa da delinquência intelectual, copia discurso nazista e é demitido

O governo do presidente Jair Bolsonaro se viu nesta sexta-feira (17) envolvido em mais uma polêmica associada ao nazismo, depois de o secretário especial da Cultura, Roberto Alvim, ter copiado um trecho de um discurso do líder nazista Joseph Goebbels, que foi ministro da Propaganda de Adolf Hitler.

Alvim postou um vídeo para divulgar o recém-criado Prêmio Nacional das Artes. Nele, parafraseia um trecho de um discurso de Goebbels, proferido em Berlim, em 8 de maio de 1933, perante diretores de teatros alemães.

“A arte alemã da próxima década será heroica, será ferrenhamente romântica, será desprovida de sentimentalismo e objetiva, será nacional com um grande páthos e será ao mesmo tempo imperativa e vinculante – ou não será”, disse Goebbels no discurso, que é reproduzido em vários livros sobre o nazismo.

“A arte brasileira da próxima década será heroica e será nacional. Será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes de nosso povo, ou então não será nada”, afirma Alvim no vídeo.

Usuários de redes sociais criticaram o secretário e também fizeram comentários sobre a estética do vídeo, a aparência do secretário, seu tom de voz e a música de fundo, de Richard Wagner, o compositor favorito de Hitler.

No início do vídeo, o secretário aparece ao lado de uma cruz e de uma bandeira brasileira, tendo ao fundo a foto oficial do presidente Jair Bolsonaro.

O vídeo também criticado por políticos. O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, disse que Alvim passou dos limites e pediu o seu afastamento. “É inaceitável. O governo brasileiro deveria afastá-lo urgentemente do cargo”, disse Maia.

A Confederação Israelita do Brasil também pediu o afastamento de Alvim e disse ser inaceitável usar um discurso nazista. “Emular a visão de Goebbels é um sinal assustador”, afirmou a instituição.

“Uma pessoa com esse pensamento não pode comandar a cultura do nosso país e deve ser afastada do cargo imediatamente”, afirmou a confederação.

Goebbels era uma das pessoas mais próximas de Hitler e considerado por muitos historiadores como o número 2 do regime nazista. Ele foi o ministro da Propaganda do nazismo, tendo ficado famoso pela sua oratória e seu profundo antissemitismo.

Em 1º de maio de 1945, ele e a esposa, Magda, cometeram suicídio em Berlim, depois de matarem os seis filhos do casal por envenenamento.

Em função da pressão exercida pela opinião pública, Roberto Alvim foi demitido pelo presidente Jair Bolsonaro, que preferiu evitar uma frente de confronto com a comunidade judaica no País. Em nota, Bolsonaro afirmou que a permanência de Alvim no governo ficou “insustentável”.

“Comunico o desligamento de Roberto Alvim da Secretaria de Cultura do Governo. Um pronunciamento infeliz, ainda que tenha se desculpado, tornou insustentável a sua permanência”, afirmou o presidente.

“Reitero nosso repúdio às ideologias totalitárias e genocidas, bem como qualquer tipo de ilação às mesmas. Manifestamos também nosso total e irrestrito apoio à comunidade judaica, da qual somos amigos e compartilhamos valores em comum”, completou Bolsonaro.