Xis da questão – No momento em que cedeu às pressões do Palácio do Planalto, que agiu de maneira truculenta para evitar o aprofundamento das investigações, a CPI dos Correios perdeu a grande oportunidade de encontrar um elo entre o escândalo do Mensalão do PT e a morte do então prefeito de Santo André, o petista Celso Daniel.
Escolhido para ser o coordenador da campanha de Lula em 2002 e cotado para assumir o Ministério da Fazenda no caso da vitória do ex-metalúrgico, Celso Daniel foi covarde e barbaramente morto porque passou a discordar da destinação do dinheiro da propina cobrada de empresários no município do Grande ABC.
Depois do assassinato de Celso Daniel, contas bancárias no exterior foram movimentadas diversas vezes, como relatou um dos irmãos do ex-prefeito em depoimento. Depois do desaparecimento do Celso Daniel, o grande problema enfrentado pelos participantes do esquema criminoso passou a ser o retorno do dinheiro sujo ao País.
Com dívidas de campanha por todos os lados e precisando estrear com apoio político compatível com o entusiasmo popular, Lula optou pelo esquema do mensalão, rejeitado por alguns dos seus assessores. O modelo de corrupção apresentado nas primeiras semanas do governo Lula sugeria a transformação dos ministérios em feudos políticos, a serem entregues aos partidos da base de apoio. Contudo, acabou prevalecendo a proposta da compra de apoio parlamentar por meio de mesadas. Com o escândalo descoberto, Lula adotou o rejeitado projeto de corrupção como forma de se blindar no Congresso Nacional, onde tramitava a CPI dos Correios.
O escândalo do Mensalão do PT foi alimentado financeiramente a partir de diversas fontes, mas o começo se deu com a internação do dinheiro que estava no exterior. Ilegal, o dinheiro retornou ao País por meio de empréstimos bancários fictícios, sendo que o valor correspondente foi repassado às instituições financeiras em contas bancárias no exterior. O que explica o fato de os bancos jamais terem cobrado judicialmente o PT pelo atraso no pagamento dos tais empréstimos.
Quando a CPI dos Correios começou avançar nas investigações, o PT palaciano sugeriu, mesmo fingindo contrariedade diante da ideia, a criação de sub-relatorias, o que por algum tempo acalmou os ânimos da oposição. A preocupação dos palacianos cresceu quando o marqueteiro Duda Mendonça, em depoimento à CPI dos Correios, confirmou ter recebido parte dos honorários da campanha de 2002 em conta bancária no exterior, em nome da offshore Düsseldorf. E o temor dos donos do poder era que o esquema criminoso fosse descoberto, o que poderia reforçar ainda mais a tese de impeachment do então presidente Lula.