Fraudador de si mesmo, Mercadante diz que punirá estudantes que compraram vaga em faculdade

Face lenhosa – É preciso reconhecer que o jornalista José Simão, colunista do jornal “Folha de São Paulo”, está absolutamente correto quando diz que o Brasil é o país da piada pronta.

Na noite de domingo (27), em entrevista ao enfadonho Fantástico, folhetim semanal da Vênus Platinada, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, falou sobre a compra de vagas em faculdades de medicina. Disse Mercadante, como se fosse a versão tropical do espanhol Dom Tomás de Torquemada, inquisidor-geral dos reinos de Castela e Aragão, que todos os beneficiados pelo esquema fraudulento serão punidos, expulsos da faculdade e, se formados já estiverem, terão os diplomas cancelados.

Primeiro é preciso lembrar que reza a Constituição federal que é obrigação do Estado garantir acesso à educação de qualidade a todos os cidadãos. A omissão do Estado é que alimenta as quadrilhas que agem em todos os setores da sociedade. O que não significa que o crime em questão deva ser ignorado e que os culpados escapem da punição.

O que causa espécie é que os alarifes que compraram as vagas nas faculdades são criminosos, mas os mensaleiros, que protagonizaram o maior escândalo de corrupção da história nacional, são inocentes, como ainda insiste em fazer acreditar a cúpula do PT.

Voltamos a destacar que não estamos a defender os compradores e os vendedores de vagas em universidades, pelo contrário, mas é preciso coerência ao falar de determinados assuntos, sob pena de o interlocutor cair no descrédito. Bastava o irrevogável Aloizio Mercadante, por meio de sua assessoria, ter informado à equipe de reportagem que o assunto já está sob investigação policial e que as devidas medidas serão tomadas.

O escárnio ainda foi ainda maior porque Mercadante falou, durante a entrevista, em fraude. O ministro disse certa vez, durante debate na TV Gazeta, que tinha mestrado e doutorado em economia na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o que à época era uma grande mentira. Aloizio Mercadante chegou a frequentar algumas aulas do doutorado, mas acabou sendo desligado do programa universitário. Como a saia ficou excessivamente justa, Mercadante deu um jeito de apresentar sua tese de doutorado na Unicamp. Na condição de integrante de Lula, o ministro da Educação usou como tema as conquistas do governo do ex-metalúrgico, as mesmas que atualmente estamos vendo fazer estragos na economia verde-loura.

Era uma sexta-feira, 17 de dezembro de 2010, quando Aloizio Mercadante chegou a um dos auditórios da Unicamp para discorrer sobre sua tese de doutorado em Economia, “As bases do Novo Desenvolvimentismo no Brasil: análise do governo Lula (2003-2010)”. Não poderia ser outro tema, porque no PT só há herdeiros magnânimos de Aladim e messiânicos de toda ordem. E os dias atuais provam como a Unicamp errou ao dar o título de doutor em ciências econômicas a Aloizio Mercadante, título que até seus parentes desconfiam.

Fosse seguir a própria regra que impõe aos “reles” doutorandos, a Unicamp jamais poderia ter conferido o título a Mercadante, pois a tese não passou de cópia rebuscada de um livro de sua autoria, “Brasil: a construção retomada”. E qualquer universidade respeitável, como é o caso da Unicamp, exige que a tese de doutorado seja uma obra inédita. No Regimento Geral dos Cursos de Pós-Graduação da Unicamp (Deliberação CONSU-A-008/2008, disponível em http://www.pg.unicamp.br), o Artigo 31, em seu parágrafo 3º, é claro: “Entende-se por tese de doutorado o trabalho supervisionado que resulte em contribuição original em domínio de conhecimento determinado”.

Diante do constrangimento, Mercadante, que conseguiu a proeza de fraudar a si mesmo, explicou que sua tese era uma versão mais densa e ousada do conteúdo do tal livro.

Em determinado ponto do fraudulento trabalho apresentado à Unicamp, Mercadante destaca: “O ponto fulcral desta tese é que o Brasil, ao longo do governo Lula, começou a construir um Novo Desenvolvimentismo, um novo padrão de desenvolvimento substancialmente distinto tanto do neoliberalismo quanto do antigo nacional-desenvolvimentismo predominante no passado”.

Comentar sobre a fraude cometida na tese de doutorado do gênio e agora xerife da educação nacional Aloizio Mercadante é desnecessário, pois para bom entendedor pingo é letra. Sobre o ponto fulcral, este sim merece comentário, pois este “padrão de desenvolvimento distinto” foi desmontado no primeiro estouro da bolha de virtuosismo que Lula vendeu ao mundo e alguns incautos compraram.

Mas o título de doutor de Mercadante é o menor dos males, se levarmos em conta que o corrupto Lula recebeu honrarias apenas porque destruiu a economia nacional e fez com que o Brasil jogasse uma década no lixo. Resumindo, os “companheiros” se merecem.