Fada madrinha – Sempre que pode, Gleisi Helena Hoffmann evita a imprensa e os locais públicos. A senadora petista sabe que em eventual aparição terá de prestar contas do seu envolvimento no Petrolão, denunciado pelo doleiro Alberto Youssef e pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa.
Gleisi também teme ser cobrada sobre as evidências que a Polícia Federal encontrou contra ela no escritório do seu advogado, Guilherme Gonçalves, durante busca efetuada no contexto da Operação Pixuleco II, décima oitava fase da Operação Lava-Jato. No escritório de Gonçalves, que embolsou R$ 7,2 milhões de um esquema corrupto autorizado pelo Ministério do Planejamento, durante o período em que o marido de Gleisi, Paulo Bernardo, era o titular da pasta, a Polícia Federal encontrou indícios que, em lugar de pagar honorários ao advogado, a senadora tinha as contas paga por ele. Tudo muito suspeito.
Nem mesmo todos esses encostos jurídicos e policiais tiram o ânimo de Gleisi Hoffmann de continuar a proteger Eduardo Gaievski, o ex-assessor pedófilo que a petista levou para a Casa Civil em 2012, com a incumbência de comandar as políticas do governo federal para crianças e adolescentes. Preso em 2013 pela prática de dezenas de estupros de menores, Gaievski, que já foi condenado a mais de 100 anos de prisão, tem ainda quatro processos sem sentença. Apesar de já ter tentado fugir, de ter orientado aliados a constranger testemunhas, ter tido parentes presos por tentativa de suborno a vítimas de seus estupros, está sendo tratado como um sujeito inofensivo, de ótimo comportamento e excelente índole.
Gaievski está preso na Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (APAC), instituição de ínfima segurança, sem guardas e desprovida de câmeras de vigilância, localizada na fronteira com a Argentina e destinada a presidiários de baixa periculosidade e alta capacidade de recuperação. O “Monstro da Casa Civil”, como demonstra seu prontuário, está longe de ser o querubim barroco que tantos insistem em incensar. Atribui-se a proteção do PT, comandado por Gleisi, à situação privilegiada e confortável vivida pelo ex-assessor da senadora.
Contudo, nem sempre o cotidiano prisional de Gaievski é marcado por boas notícias e bizarrices partidárias. A Justiça determinou o bloqueio de propriedades do pedófilo para que sejam ressarcidos prejuízos causados ao erário. Enquanto prefeito de Realeza, cidade do interior paranaense, Eduardo Gaievski usou propriedades públicas e nomeações de cargos na prefeitura para programas sexuais ou para remunerar garotas de programa. Os valores que o pedófilo se apropriou indevidamente estão sendo levantados e terão de ser pagos.
Apesar do inferno astral que novamente se desenha no horizonte, Gaievski tem ao menos um consolo. Enquanto outros expoentes do PT, como José Dirceu, também preso, está sendo pressionado a sair do PT, e o ex-deputado André Vargas que já foi expulso da legenda, Gaievski, condenado a um século de prisão, por enquanto, continua incólume pelo menos no que se refere à filiação partidária.
Com chances concretas de ser alcançado por novas e pesadas condenações, também por estupro de menores e vulneráveis, o delinquente sexual permanece sob a proteção de Gleisi Hoffmann, assim como regularmente filiado ao PT, partido que chegou ao poder central no rastro do discurso da ética e da transparência.
Foi por causa das insistentes cobranças do UCHO.INFO acerca da indicação de Gaievski para um cargo de confiança, com direito a trabalhar a poucos metros do gabinete presidencial, que a senadora “petroleira” Gleisi Hoffmann decidiu processar o editor do site, como se noticiar as lambanças palacianas fosse crime. Arrogante, Gleisi afunda cada vez mais no maior escândalo de corrupção da história moderna, episódio que conta com a chancela estalar do partido da “companheirada”. E PT saudações!