Possível saída de Mercadante é ato desesperado de um governo corrupto e refém da crise

aloizio_mercadante_27Tarde demais – Demorou, mas a presidente Dilma Vana Rousseff acordou e percebeu que um dos calcanhares de Aquiles do seu governo corrupto, incompetente e paralisado é o chefe da Casa Civil. Mal visto por muitos políticos e odiados por outros tantos, Aloizio Mercadante, o irrevogável, é o tipo de pessoa que mais atrapalha do que ajuda. Fora isso, sua arrogância não tem sido o melhor dos cartões de visita para uma administração que tem no comando alguém que é um oceano de prepotência, no caso a presidente da República.

Acuada diante de uma crise múltipla e sem precedentes, Dilma se viu obrigada a acelerar a reforma ministerial, que contará com a redução de pastas e o enxugamento de despesas, que afetará diretamente a farra de muitos na Esplanada dos Ministérios. No afã de estancar o movimento que pode apeá-la do cargo a qualquer momento, a presidente não descarta a possibilidade de ejetar Mercadante da Casa Civil, colocando no posto um não petista, desde que o escolhido tenha boa aceitação junto à classe política.

Assim como foi avisada sobre os efeitos nefastos de equivocada política econômica adotada ao longo do primeiro governo, Dilma sempre soube da torcida contra Aloizio Mercadante, responsável por colocar combustível na fogueira que se formou entre o Palácio do Planalto e o PMDB. De tal modo, a petista busca um nome que possa dar ao governo uma credibilidade de última hora, algo parecido com o que fez Fernando Collor, semanas antes do impeachment, quando o então presidente decidiu criar um ministério de notáveis. Algo que Dilma não fez por falta de credibilidade e de nomes à altura de tamanha ousadia.

Confirmada a saída de Mercadante, que poderá ser remanejado dentro do próprio governo, Dilma terá sua resistência política abalada, pois abrirá mão do principal antídoto contra a peçonha de seu criador, o agora lobista de empreiteira Lula. Não é novidade que Aloizio Mercadante não nutre excessiva simpatia pelo ex-presidente, assim como a recíproca é verdadeira.

A situação política de Mercadante dentro do PT tornou-se ruim no rastro do escândalo conhecido como “Dossiê dos Aloprados”, mas piorou quando o então senador decidiu contrariar a decisão do governo Lula de apoiar o nefasto José Sarney no imbróglio dos chamados “atos secretos”. Na ocasião, discordando da ordem dada pelo Palácio do Planalto, Mercadante renunciou, em caráter irrevogável, à liderança do PT no Senado Federal, durante discurso proferido a partir da tribuna da Casa.

Irritado com a posição de Mercadante, que não poupou críticas ao governo de então, Lula chamou em palácio o então senador por São Paulo e dedicou-lhe uma carraspana inesquecível. Dias depois, a reboque de um espetáculo pífio, no melhor estilo ópera bufa, Aloizio Mercadante retornou à tribuna do Senado para anunciar que revogava o que fora irrevogável.

A saída de Aloizio Mercadante configura estratégia desesperada de um governo que, ainda no começo, vive um verdadeiro baile do adeus, mas a decisão de Dilma Rousseff, que representa enorme favor ao País, é tardia demais.

O governo petista da companheira Dilma é um “Titanic político-administrativo”, cujo comandante da nau quer sacrificar, em meio ao naufrágio, o chefe da casa de máquinas. Na verdade, a rota equivocada e os ratos de porão é que levaram a pique o pomposo e corroído barco. De tal modo, em cena entra o recorrente dito popular “quem pariu Matheus que o embale”.

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