Custo Brasil: PF deveria inquirir presidente da Anatel sobre o período em que assessorou Paulo Bernardo

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Ex-gerente de serviços da Petrobras, Pedro Barusco, preso na Operação Lava-Jato, concordou em devolver US$ 100 milhões aos cofres públicos. Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, comandou um esquema criminoso que desviou mais de R$ 100 milhões da subsidiária da Petrobras, mas concordou em devolver parte do montante desviado (R$ 75 milhões). André Vargas Ilário, ex-deputado federal pelo PT e preso desde abril de 2015 na esteira da Operação Lava-Jato, viu a empresa de um dos irmãos faturar ais de R$ 50 milhões na Caixa Econômica Federal.

João Santana, marqueteiro do PT e preso na Lava-Jato, não terá como negar que recebeu milhões de reais através do caixa 2 para trabalhar nas últimas três campanhas presidenciais petistas. Paulo Bernardo da Silva, ex-ministro do Planejamento, foi preso na Operação Custo Brasil sob a acusação de participar de um esquema criminoso que surrupiou R$ 100 milhões de servidores federais que recorreram aos empréstimos consignados. O que mostra que sob o manto do PT a corrupção transformou-se em uma cornucópia imunda.

Diogo Ferreira, ex-chefe de gabinete do então senador Delcídio Amaral, foi preso na Lava-Jato na mesma operação que levou à prisão o outrora líder do governo no Senado. João Cláudio Genu, ex-chefe de gabinete de José Janene, o mentor intelectual do Petrolão, foi preso e condenado na Lava-Jato. Essas prisões mostram que nada do que aconteceu no âmbito do maior esquema de corrupção da história deixou de passar pela chefia dos respectivos gabinetes. Afinal, em Brasília um político não existe sem a presença quase diuturna do chefe de gabinete.

Muito estranhamente, no caso de Paulo Bernardo o chefe de gabinete do então ministro sequer foi incomodado. O que não significa que desconhecia a enorme malandragem em que se transformou a contratação do Grupo Consit, a quem cabia monitorar os pagamentos das parcelas dos empréstimos consignados contraídos pelos incautos servidores federais, roubados em mais de R$ 100 milhões, sendo que 70% desse montante acabaram nos cofres petistas e nos bolsos de alguns companheiros.


De 2006 a 2010, o londrinense João Rezende ocupou a chefia de gabinete de Paulo Bernardo, que à época comandava o Ministério do Planejamento, palco do milionário desvio de dinheiro por meio do esquema Consist. O fato de ter assessorado o então ministro no período da roubalheira não significa que Rezende participou do esquema e ficou com parte do butim, mas espera-se que o mesmo tinha conhecimento do que ocorria nas altas esferas da pasta. João Rezende pode até alegar desconhecimento dos fatos, mas se isso acontecer estará confessando sua incompetência como chefe de gabinete. Quem conhece de forma detalhada os escaninhos do poder em Brasília sabe que Bernardo e Rezende eram muito próximos, como ainda são.

João Rezende deixou de assessorar Paulo Bernardo em dezembro de 2011, quando assumiu a presidência da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Foi indicado ao cargo por Paulo Bernardo, que À época estava à frente do Ministério das Comunicações.

Em 2011, logo após assumir a presidência da Anatel, então conselheiro da Anatel, João Rezende foi flagrado em um restaurante em Brasília na companhia de representantes da Rede Globo e da NET, Estavam a comemorar a aprovação de um projeto de lei antes mesmo da votação do mesmo no Senado. O referido projeto liberava a entrada de empresas de telefonia no setor de TV a cabo e eliminava as restrições ao uso de capital estrangeiro no setor.

Considerando que na política brasileira nada acontece por acaso e que coincidências simplesmente inexistem nessa seara, Rezende integrou o Conselho de Administração da Transpetro, empresa que serviu de picadeiro para Sérgio Machado promover uma gatunagem explícita e confessa. Será que Rezende jamais soube de irregularidades? A força-tarefa da Operação Custo Brasil deveria procurar João Rezende, pois o desenrolar da Lava-Jato tem mostrado que chefes de gabinete normalmente têm o chamado “rabo preso”.

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