Decisão de Dilma de punir militares da reserva é irresponsabilidade de quem desconhece a democracia

Pela culatra – Sem contar com a simpatia dos militares desde os tempos da ditadura, quando foi escorraçado da Embrafilme juntamente com Samuel Pinheiro Guimarães, o ministro da Defesa, Celso Amorim, decidiu na quarta-feira (29), durante conversa com os comandantes das Forças Armadas, que os cem oficiais da reserva que assinaram o manifesto “Alerta à Nação – eles que venham, aqui não passarão” serão repreendidos. A punição pela indisciplina depende do regulamento de cada uma das Armas, variando de simples advertência até a exclusão da força, algo previsto pela legislação inclusive para militares da reserva.

No manifesto, os militares da reserva criticaram a decisão do governo de interferir no site do Clube Militar e o veto a um texto que critica a presidente Dilma Rousseff e duas ministras de Estado. No “Alerta à Nação”, os oficiais afirmam não reconhecer “qualquer tipo de autoridade ou legitimidade” de Celso Amorim. Quando convidou Amorim para assumir a pasta da Defesa, em substituição a Nelson Jobim, a presidente Dilma Rousseff tinha conhecimento da resistência que o novo ministro sofreria, mas prevaleceu a tese do enfrentamento e da provocação.

“Em uníssono, reafirmamos a validade do conteúdo do Manifesto publicado no site do Clube Militar, a partir do dia 16 de fevereiro, e dele retirado, segundo o publicado em jornais de circulação nacional, por ordem do Ministro da Defesa, a quem não reconhecemos qualquer tipo de autoridade ou legitimidade”, diz o documento.

Como no manifesto vetado no site do Clube Militar, o documento também critica a criação da Comissão da Verdade. “A aprovação da Comissão da Verdade foi um ato inconsequente, de revanchismo explícito e de afronta à Lei da Anistia com o beneplácito, inaceitável, do atual governo”.

Revirando o passado

O texto publicado no site do Clube Militar atribuía à ministra da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Maria do Rosário, e à ministra da Secretaria Especial de Política para as Mulheres, Eleonora Menicucci, declarações que estariam a serviço do que classificaram de “minoria sectária”, disposta a reabrir feridas do passado. O primeiro manifesto polêmico foi assinado pelos presidentes do Clube Militar, Renato Cesar Tibau Costa; do Clube Naval, Ricardo Cabral; e do Clube da Aeronáutica, Carlos de Almeida Baptista, todos na reserva.

No texto os militares afirmam que Maria Rosário tem acenado com a possibilidade de ações judiciais para criminalizar agentes da repressão, enquanto Eleonora Menicucci teria usado a cerimônia de posse, em 10 de fevereiro, para disparar “críticas exacerbadas aos governos militares”, ocasião em que foi aplaudida por todos os presentes ao evento, inclusive por Dilma Rousseff. Eleonora foi presa durante a ditadura militar e, “Torre das Donzelas”, conheceu a presidente.

O texto afirma ainda que o Clube Militar não teme intimidações e que continuará atento e vigilante, lembrando que as Forças Armadas são a instituição com maior credibilidade na opinião pública.

Barril de pólvora

A decisão do governo de punir os cem militares surge no momento em que a maioria da população brasileira deseja a participação das Forças Armadas no combate à criminalidade, que cresceu na mesma proporção que disparou a sensação de impunidade, marca de destaque da era Lula.

A decisão de confrontar os militares da reserva, que como qualquer cidadão tem a prerrogativa constitucional da “livre manifestação do pensamento, desde que vedado o anonimato”, é um tiro no pé de um governo populista e que sem cerimônia dá guarida a totalitaristas de esquerda, como se ditadura fosse o melhor atalho para a democracia.

Diferentemente do antecessor, que procurou viver em paz com os militares, Dilma começa a mostrar a que veio. Se nada for feito para impedir esse avanço esquerdista, prevalecerá a tese do ucho.info, que em janeiro de 2003 afirmou que o Brasil passaria por um processo de “cubanização”. À época fomos criticados, mas a prova chegou antes do tempo.