Decisão de expulsar deputado acusado de envolvimento com o PCC pode implodir o PT

luiz_moura_01Hora da verdade – Deputado estadual pelo Partido dos Trabalhadores e acusado de envolvimento com o Primeiro Comando da Capital (PCC), facção criminosa que opera a partir dos presídios paulistas, Luiz Moura (SP) foi atirado aos leões. Nesta quinta-feira (31), a Executiva do PT decidiu expulsar o parlamentar, uma vez que seus companheiros de legenda entenderam que ele não deu explicações convincentes sobre participação em encontro com integrantes do PCC, na sede de uma cooperativa de transportes.

O presidente estadual do partido, Emídio de Souza, alegou que a falta de provas sobre a relação do deputado com membros da facção não impediu o partido de decidir pela expulsão. “Não somos o judiciário, não somos a polícia. Temos o direito e o dever de decidir e fiscalizar quem faz parte do nosso partido e quem o partido lança como candidato”, disse Emídio.

A justificativa do presidente estadual do PT mostra que o imbróglio alvejou o partido, que em São Paulo, maior colégio eleitoral do País, busca reverter o crescente movimento de perda de espaço político. “A conduta de Luiz Moura foi muito prejudicial ao partido, arranhou a imagem”, avaliou o dirigente petista. “Foi dada toda, toda a chance de defesa. Ele não compareceu hoje, não mandou documentos, não mandou testemunhas”, completou Emídio.

Para a expulsão ter efeito, o diretório paulista do PT terá de confirmar a decisão da executiva do partido. A reunião dos 62 membros do diretório está marcada para sexta-feira (1º), mas cabe recurso à própria legenda e, na sequência, à Justiça.

Independentemente do que venha a ocorrer com Luiz Moura, o PT não se livrará tão cedo do escândalo que pode ter sérias consequências nas eleições de outubro próximo. Isso porque o parlamentar deve cair atirando em todas as direções.

Investigações realizadas desde que o escândalo veio à tona apontam para um esquema de lavagem de dinheiro do PCC por meio de empresas de ônibus. A polícia atirou no que viu e acertou no que não tinha visto, mas avançou no caminho certo. O envolvimento de integrantes da cúpula do PCC com operadores do transporte público não é novidade nos bastidores da política. Aliás, alguns desses operadores são integrantes da facção criminosa ou reféns da mesma.

A grande questão nessa epopeia criminosa é que muitos outros escândalos do gênero devem surgir a reboque do episódio envolvendo Luiz Moura. Até porque, os petistas mais graúdos sabem que quando empresas de ônibus aparecem como protagonistas de escândalos o desfecho nem sempre é o mais suave e adequado. Vide o assassinato de Celso Daniel, então prefeito de Santo André e escolhido para coordenar a campanha de Lula, em 2002, mas que acabou morto depois de se envolver com empresários de ônibus do ABC paulista.

Se as autoridades puxarem o fio da meada que têm em mãos, por certo o esquema milionário que grassa nos subterrâneos do partido deve implodir. Não custa lembrar que parte da primeira campanha vitoriosa de Lula foi financiada com dinheiro de empresas de ônibus. Muitos dizem que o numerário criminoso era proveniente da cobrança de propina, mas não se pode descartar a possibilidade de se originário de outras ações criminosas. Até porque, o Mensalão do PT ainda esconde muitos mistérios, alguns dos quais denunciados pelo ucho.info.

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