Dilma falando sobre corrupção, ao lado de Gleisi e Lindbergh, é desfaçatez com esclerose política

(Pedro Ladeira - Folhapress)
(Pedro Ladeira – Folhapress)

A agora ex-presidente Dilma Rousseff mentiu descaradamente em 2014, mas não admite a mitomania que a consome. Errou, mas não consegue reconhecer os próprios erros. Perdeu, mas tem dificuldade para aceitar a derrota. Sacramentada a aprovação do impeachment, Dilma, que transformou o Palácio da Alvorada em um puxadinho bolivariano, falou pela primeira vez como ex-presidente e mostrou o seu melhor: estupidez e cólera. Para quem, durante defesa diante dos senadores, na última segunda-feira (29), defendeu a união de todos os políticos em prol da nação, Dilma mostrou ao planeta a sua demência política.

Sem esconder o revanchismo que sempre marcou a sua trajetória, Dilma fez um pronunciamento típico de quem está em campanha. Ameaçou com vingança e prometeu voltar. Antes disso ele deveria ter combinado com o Supremo Tribunal Federal, que terá de decidir sobre a lambança que eclodiu no plenário do Senado, e com o Criador, pois ninguém consegue prever o amanhã.

Ladeada por políticos investigados na Operação Lava-Jato, como Gleisi Helena Hoffmann e Lindbergh Farias, a agora ex-presidente afirmou que um “grupo de corruptos” havia assumido o poder. Considerando sua explícita conivência com o Petrolão desde os primórdios do maior esquema de corrupção de todos os tempos, Dilma mostrou-se vítima de esquizofrenia política.

O beligerante discurso de Dilma Rousseff não é de autoria exclusiva. Enquanto acompanhava a votação no plenário do Senado, Dilma juntou com Lula e Rui Falcão, presidente do PT, para escrever o texto marcado pela boçalidade do socialismo bandoleiro. A digital de Falcão se fez notar na menção ao poeta russo Vladimir Maiakovski.


Como Lula e Rui Falcão apostaram no impeachment como plataforma para que o PT tente ressurgir da lama da corrupção, a dupla precisava de uma reação colérica de Dilma para embalar a estratégia da cúpula petista.

A hipocrisia de Dilma, que tem ciência dos erros crassos que cometeu, surgiu em frase do ilustre Darcy Ribeiro: “Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu”. A ex-presidente tem o sacro direito à livre manifestação do pensamento, mas não pode almejar que suas palavras alcancem o Panteão da verdade. A ex-presidente usou a frase de Darcy fora do contexto original e o fez sob tom de ameaça, postura típica de totalitaristas.

A reação de Dilma é natural e quase compreensível, pois o processo de impeachment foi estressante e por conta disso produziu os mais distintos efeitos colaterais, muitos deles intangíveis. Essa resistência exibida no Palácio da Alvorada, horas depois da decisão dos senadores serviu para rechear o epílogo de cada um dos três documentários sobre o processo de impedimento, mas essa altivez tem prazo de validade curto.

A postura de Dilma confirma o que muitos já sabiam. Ao contrário de Getúlio Vargas, que saiu da vida para entrar na história, Dilma saiu da história para mergulhar na mediocridade. Isso há de acontecer no momento em que Lula e Rui Falcão não mais precisarem da ex-presidente, como aconteceu com José Dirceu e João Vaccari Neto, que, abandonados pelos “companheiros” (sic), mofam me uma cela do Complexo Médico-Penal de Pinhais, na região metropolitana de Curitiba.

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