Discussão envolvendo pastor Marco Feliciano já extrapolou o bom senso e serve apenas aos oportunistas

Cortina de fumaça – Quando a orientação sexual de determinada pessoa torna-se manchete, é porque a imprensa não tem o que noticiar e de carona no oportunismo aproveita para colocar lenha na fogueira das discussões que tomam conta do País. Resumindo, a mídia é burra e a sociedade, obtusa. Daniela Mercury postou no Instagram uma foto da “esposa” e foi o suficiente para que importantes veículos de comunicação abrissem espaço para o tema.

O que deveria ser algo normal acabou se transformando em assunto do dia. É preciso esclarecer que cada ser humano é livre e tem a sua receita de felicidade. E que faça aquilo que lhe convier, sem que o vizinho se incomode com isso ou o planeta tome conhecimento de algo pessoal. Por que tanta reverberação para um assunto que há muito deveria estar nos trilhos da normalidade? Porque é preciso manter de pé o palanque dos que fazem da orientação sexual uma plataforma política.

É compreensível que Daniela Mercury queira compartilhar sua felicidade, mas não compreendi onde o pastor Marco Feliciano entra no caso. A rainha do axé tornou público o seu relacionamento com a jornalista Malu Verçosa e criticou Feliciano. Gostaria de saber o que levou a esse ataque gratuito. Ou será que no Brasil só é permitido ser homossexual? A sociedade vive de rótulos e padrões, mas cada qual é dono do seu destino.

Querer usar a relação de Daniela Mercury com Malu Verçosa como pé de cabra para tirar o deputado Marco Feliciano da presidência da Comissão de Direitos Humanos é devaneio. O parlamentar foi eleito democraticamente e chegou ao comando da Comissão cumprindo o que determina o regimento da Câmara dos Deputados e seguindo o acordo firmado pelos líderes partidários. Traduzindo para o bom e velho idioma dessa baderna chamada Brasil, não há razão para apear o pastor do cargo, como querem alguns parlamentares que não perdem qualquer oportunidade para se agarrar ao politicamente correto.

Por outro lado, ser contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo não configura homofobia, mas apenas uma posição contrária a dos que querem fazer da orientação sexual uma regra, para não afirmar que se trata de um movimento ditatorial descabido. O que não se pode é criar no Brasil o crime de opinião.

A Constituição Federal é clara em seu artigo 5º ao estabelecer que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza”. Pois bem, se a máxima lei do País garante isonomia de tratamento aos cidadãos, não há motivo para essa discussão que já passou dos limites. Mas é preciso fazer estardalhaço porque aqueles que encabeçam o movimento têm interesses terceiros que vão além das liberdades individuais.

O que está se tentando fazer é pasteurizar a classificação dos que são contrários ao casamento entre pessoas do mesmo sexo. Em outras palavras, se for a favor está tudo certo, do contrário é homofóbico e motivo para alguém criticar o deputado Marco Feliciano. É o mesmo que afirmar que todo motociclista é marginal porque os ladrões usam motos em suas ações para facilitar a fuga. Não faz muito tempo, alguns padres católicos se recusavam a batizar filhos de pais não casados. O que não significa que a criança é filha da puta e muito menos que não poderia ser batizada em outra igreja.

O Brasil está parado, à beira do precipício econômico, mas há quem perca tempo com uma bobagem descomunal como essa. A lei existe para ser cumprida e quem cometer o crime de discriminação que suporte as consequências. Há no Congresso Nacional, onde a polêmica na órbita de Marco Feliciano recrudesce a cada dia, um sem fim de escândalos, mas os parlamentares que chegaram a Brasília no rastro de um currículo que mais parece “folha corrida” querem manter a discussão na pauta do dia.