Dividido por causa de rebelião interna, PP transforma reunião estratégica em bate-boca

Lenha na fogueira – Convocada para definir as estratégias para as eleições municipais de 2012, uma reunião do Partido Progressista, realizada na Câmara dos Deputados nesta terça-feira (13), acabou em bate-boca entre o presidente nacional da legenda, senador Francisco Dornelles (RJ), e o deputado federal Vilson Covatti (RS).

Durante o encontro, Covatti acabou censurado pelo senador Dornelles, por ter mencionado as denúncias de irregularidades no Ministério das Cidades, sob o comando deputado federal licenciado Mario Negromonte (BA). “Muitos falaram aqui sobre unidade. Não há unidade sem democracia. Precisamos exercer a democracia dentro do partido. Nos últimos meses, nós quase perdemos não apenas o ministro [Mário Negromonte] como o Ministério das Cidades”, falava o parlamentar gaúcho quando foi interrompido pelo presidente do partido.

“Vossa excelência está criando constrangimento para todos! Vossa excelência está me constrangendo e constrangendo a todos! Não é hora de discutir política. Estamos aqui para discutir o programa do partido”, rebateu o exaltado Dornelles. O clima ficou ainda mais quente quando Covatti se levantou e, com o dedo em riste na direção do senador fluminense, disparou: “O senhor tem que me respeitar. Não sou moleque”.

Aos jornalistas, Francisco Dornelles explicou que a censura a Covatti foi necessária para manter o objetivo da reunião. “Agora, esse episódio pode trazer sorte. Não há reunião política sem bêbado e sem doido. Vai dar sorte isso”, afirmou o senador.

Mario Negromonte, que participava do encontro e acompanhou a discussão, declarou: “Eu tenho três amores: Minha família, meu partido e meu mandato, logicamente os eleitores. Minha ambição está muito abaixo da minha autonomia, da minha independência, da união do partido e da minha paz de espírito”.

De acordo com reportagem do jornal “O Estado de S. Paulo”, servidores do Ministério das Cidades teriam fraudado documento que permitiu alterações em projeto de mobilidade urbana em Cuiabá. Estimado em R$ 500 milhões e com financiamento aprovado, o projeto inicial para a capital mato-grossense previa a construção de um corredor de ônibus do tipo “BRT” (Bus Rapid Transit, em inglês). Em junho passado, o governador Silval Barbosa (PMDB) se movimentou nos bastidores políticos de Brasília e convenceu alguns palacianos de que o melhor para a capital do estado seria a implantação de um Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), obra R$ 700 milhões mais cara. Ou seja, se o custo da obra é maior e o governo do Mato Grosso, que arcará com a despesa, pleiteia a mudança, não há qualquer irregularidade.

Acontece que o PP vive há meses uma intifada quase sem fim. Um grupo liderado pelos senadores Ciro Nogueira (PI) e Benedito de Lira (AL) tenta assumir o controle do partido no Congresso Nacional e apear Mario Negromonte do cargo de ministro das Cidades. A dupla de senadores conta com o apoio genuflexo do deputado Eduardo da Fonte (PE), segundo vice-presidente da Câmara e corregedor da Casa, onde sua atuação é no mínimo pífia. Dudu da Fonte, como é conhecido o parlamentar pernambucano, é defensor incondicional do presidente da CBF, o nefasto Ricardo Teixeira.

Fato é que entre tantos que sonham com o Ministério das Cidades, Ciro Nogueira é o que exala maior cobiça. Eleito para o primeiro mandato como senador, Ciro Nogueira tem como primeiro suplente ninguém menos que o milionário piauiense João Claudino, dono de um dos grupos empresariais mais poderosos do Nordeste e pai do senador João Vicente Claudino (PTB-PI). Acontece que João Claudino despejou muito dinheiro na campanha de Ciro Nogueira, com a promessa de um dia assumir o mandato de senador, mesmo que na interinidade.

Desde que surgiram as denúncias contra o Ministério das Cidades, foi a primeira vez que o senador Francisco Dornelles trocou a fantasia de incendiário pela de bombeiro e defendeu Mario Negromonte.

Os patrocinadores da rebelião que toma conta do PP estão comemorando, até o momento que surgir a primeira denúncia contra o grupo, que, segundo apurou o ucho.info, não deve demorar muito.