Fabricantes de bebidas atropelam o Estatuto do Torcedor e cerveja deve voltar de vez aos estádios

Tudo combinado – Aproveitando a pressão da FIFA para que o governo brasileiro libere a venda de bebidas alcoólicas nos estádios durante a Copa do Mundo de 2014, o lobby dos fabricantes de cerveja funcionou rapidamente. No vácuo da aprovação da Lei Geral da Copa, que está em tramitação na Câmara dos Deputados, o Estatuto do Torcedor sofrerá mudança quase automática, permitindo o retorno definitivo das bebidas alcoólicas aos estádios brasileiros, após o a sanção da lei, prevista para 15 de março próximo, segundo informou o relator do projeto, o deputado federal Vicente Cândido (PT-SP).

De acordo com o parlamentar, a liberação foi acertada como ministro da Saúde, o petista Alexandre Padilha, e o diretor de seleções da CBF e presidente licenciado do Corinthians, Andrés Sanchez, durante reunião em Brasília na última semana. Mesmo com esse anunciado acordo, o tema precisa da aprovação do Congresso Nacional. “Aprovando na Câmara, no Senado é tranquilo, basta uma ou duas audiências. Lá não seria problema”, disse Vicente Cândido.

Quando a FIFA inicialmente pressionou pela liberação da venda de bebidas alcoólicas nos estádios, a presidente Dilma Rousseff se irritou e sugeriu que se tratava de uma ingerência da entidade máxima do futebol no País. Ao se candidatar para sediar a Copa de 2014, o governo brasileiro sabia de antemão que essa era uma exigência da FIFA, pois a Copa é um evento da entidade, não do país-sede.

No âmbito do Estatuto do Torcedor, a mudança será no artigo 13, cujo texto trata da segurança dos torcedores que participam de eventos esportivos e também das condições de acesso e permanência dentro de estádios e arenas. Na versão vigente do tal, artigo, é proibido o porte de bebidas, drogas e quaisquer outras substâncias que possam resultar em violência.

Durante visita às obras do estádio Itaquerão, que abrigará o jogo de abertura da Copa, Vicente Cândido comentou o acordo selado com o ministro da Saúde e o cartola corintiano. “Foi um avanço que nós tivemos em uma reunião minha com o Andrés e com o ministro da Saúde. Avançamos para alterar o estatuto a partir da sanção da lei. Eles deixaram para o Congresso decidir”.

Causa estranheza o fato de o ministro da Saúde, que tem circulado pela cidade de São Paulo para criticar a operação do governo paulista na Cracolândia, se render à pressão dos fabricantes de bebidas alcoólicas, que por atender a volúpia arrecadatória do Estado são consideradas drogas lícitas.

Esse tipo de movimento dos políticos contra a segurança da população nos estádios já era esperado, porque até 2014, ano da Copa, o Brasil será palco de duas eleições. E como se sabe, eleição é algo que exige muito dinheiro daqueles que almejam chegar ao poder.