FBI recomenda que Hillary Clinton não seja processada por e-mails

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O FBI recomendou, na terça-feira (5), que a candidata democrata Hillary Clinton não seja investigada judicialmente por ter enviado e-mails governamentais a partir de um servidor privado, apesar de concluir no inquérito que ela demonstrou “extrema negligência”.

O parecer entregue à Justiça considera “que não se impõe qualquer processo criminal”, afirmou o diretor do FBI, James Comey, ao anunciar o fim das investigações, que poderiam comprometer a candidatura de Hillary à Casa Branca.

Diversas mensagens de correio eletrônico enviadas pela ex-secretária de Estado a partir de um servidor privado continham informações secretas e, ao menos teoricamente, pessoas mal-intencionadas poderiam ter tido acesso a elas, precisou Comey. No entanto, segundo o diretor do FBI, a ex-secretária de Estado não teve a intenção de violar a lei.

“Nosso julgamento é que nenhum promotor sensato abriria um caso”, disse Comey. Os promotores precisam mostrar “claramente o mau uso intencional e deliberado de informações sigilosas” ou uma grande quantidade de informações que indiquem dolo ou deslealdade para com os EUA ou esforços para obstruir a Justiça, afirmou.

Entre os 30.322 e-mails que Hillary entregou aos investigadores foram encontradas 110 mensagens em 52 trocas de e-mails que continham informações sigilosas no momento em que foram enviadas ou recebidas. Destas, oito continham informações ultrassecretas, 36 continham informações secretas e outras oito, informações confidenciais, a classificação mais baixa.

Outros dois mil e-mails foram reclassificados para o nível “confidencial” após a eclosão do escândalo. Os investigadores recuperaram milhares de outros e-mails que não tinham sido entregues pelos advogados de Hillary. Destes, três continham informações sensíveis: uma no nível secreto e duas no nível confidencial.

Hillary é a candidata democrata às eleições presidenciais de 8 de novembro, mas sua campanha tem sido prejudicada pelo caso do servidor privado que utilizou para fins profissionais quando chefiava o Departamento de Estado (2009-2013). No sábado, ela prestou esclarecimentos aos investigadores do FBI.


As conclusões do FBI foram produzidas sem qualquer interferência por parte do Departamento de Justiça, afirmou Comey.

Na sexta-feira, a secretária da Justiça americana, Loretta Lynch, disse que respeitaria as recomendações do FBI, tentando dessa forma afastar qualquer suspeita de interferência política no caso. Lynch foi alvo de críticas por ter se reunido na semana passada com o ex-presidente Bill Clinton, o que o candidato republicano Donald Trump definiu como um encontro ilegal.

Em reação à recomendação do FBI, Trump publicou em sua conta no Twitter que “o sistema está manipulado”, seguindo a linha das críticas que havia emitido após o encontro entre Bill e Lynch, quando sugeriu que “provavelmente foi combinado e solicitado por Hillary”.

“Muito, muito injusto! Como de costume, uma má decisão”, afirmou Trump, ao considerar que o general aposentado David Petraeus, ex-diretor da CIA, “se meteu em problemas por muito menos”. Petraeus foi forçado a pedir demissão em novembro de 2012 por supostamente ter repassado informações sigilosas à sua biografa e amante, incluindo assuntos de segurança nacional.

O escândalo dos e-mails estourou no começo de 2015, quando a imprensa americana revelou que Hillary usou frequentemente uma conta pessoal para suas comunicações durante os seus quatro anos no Departamento de Estado.

Na época, Hillary reconheceu que teria sido “mais inteligente” utilizar a conta oficial e, em outubro de 2015, entregou 55 mil páginas de e-mails referentes a esse período.

Na segunda-feira, o portal WikiLeaks divulgou 1.258 novos e-mails de Hillary durante a sua chefia da diplomacia dos EUA. Segundo a organização, as mensagens contêm informações sobre a Guerra do Iraque. (Com agências internacionais)