Haddad assume com folgada maioria na Câmara, mas aliança pode ruir a qualquer momento

Certeza incerta – Ao estrear na prefeitura de São Paulo, o petista Fernando Haddad recebe uma enxurrada de problemas, típicos de uma metrópole que cresceu desorganizada e rapidamente, mas terá a seu favor uma maioria folgada na Câmara Municipal paulista. Dos 55 vereadores, quarenta garantem a base aliada de Haddad.

Mas essa suposta lua de mel com o Legislativo municipal pode durar pouco, pois nesse bloco estão o PMDB, do vice-presidente da República Michel Temer, e o PSD, do agora ex-prefeito Gilberto Kassab. Garantir esse apoio exigirá que algumas promessas feitas durante a campanha eleitoral sejam cumpridas. Derrotado nas urnas ainda no primeiro turno, Gabriel Chalita, que é deputado federal pelo PMDB, trocou o apoio a Haddad no segundo turno por uma cadeira na Esplanada dos Ministérios. O que pode acontecer na minirreforma que está previamente agendada para fevereiro próximo.

O apoio do PSD a Fernando Haddad, que não se consumou antes porque Kassab fingiu que apoiou José Serra, também custará à presidente Dilma Rousseff um cargo no primeiro escalão do governo federal, mais precisamente um ministério. O partido está de olho na pasta da Agricultura, que poderia ser entregue à senadora Kátia Abreu (TO), presidente da Confederação Nacional da Agricultura. O ministério faz parte da cota do PMDB, que não abrirá mão da pasta sem uma recompensa à altura.

Se as promessas de campanha não forem cumpridas e o PT insistir em sufocar o PMDB e o PSD em seus projetos eleitorais para 2014, que têm como foco o Palácio dos Bandeirantes, Fernando Haddad corre o risco de ser vítima de uma intifada na Câmara Municipal. O quebra-cabeça acabou de ser aberto e as peças, ainda embaralhadas, estão sobre a mesa. Conseguirá montá-lo com maior rapidez aquele que tiver habilidade.