Impeachment: desesperada, Dilma apela ao decadente Ciro Gomes e “compra briga” desnecessária

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Dilma Rousseff não poderia ter sinalizado da pior maneira seu desespero diante da possibilidade de ser ejetada do Palácio do Planalto. Recorrer a Ciro Gomes para tentar barrar o processo de impeachment é reconhecer que a derrota está consumada e que nada há para fazer, que não arrumar a mudança.

Ciro Gomes é um político pífio e desacreditado, que se destaca apenas e tão somente por sua verborragia provocativa e insana. Quando um ator da política chega a esse patamar é porque nada mais lhe restou do que agir com contundência, como forma de se manter no noticiário.

Ciente de que o ex-ministro está acostumado a enfrentamentos baixos na seara política, Dilma quer usar Ciro Gomes como arma contra o PMDB do Senado, onde a presidente começa a perder apoio em progressão aritmética. Enquanto o PMDB da Câmara dos Deputados começa a bater em retirada, restando apenas alguns fisiologistas que continuam pendurados em cargos, Dilma quer isolar o presidente nacional da legenda, Michel Temer, que já se prepara para ocupar o principal gabinete palaciano.

Ciente de que o embate com Temer é mais duro e violento, até porque o vice-presidente não é um neófito na política, a presidente da República aposta no destempero de Ciro para reverter um quadro que não tem chance de ser alterado. Para a chefe do Executivo federal restam algumas pequenas manobras, que podem não sair do lugar a depender da intensidade da pressão popular. Apenas a voz do povo será capaz de liquidar a fatura e colocar para correr os marginais que protagonizaram o período mais corrupto da história brasileira.

Após encontro com Michel Temer, a presidente divulgou nota em que afirma o desejo de manter uma relação profícua com o vice, mas não é isso que vem acontecendo. Dilma disse que não quer interferir nas questões do PMDB, como havia pedido Temer, mas a necessidade de defender o próprio mandato a obriga a imiscuir nos assuntos do principal partido da chamada base aliada. Porém, um detalhe nessa queda de braços deve ser considerado: Michel Temer comanda uma legenda de profissionais dispostos a tudo e mais um pouco.


Ao recorrer a Ciro Gomes, a presidente não apenas acirrou o cenário da crise, mas resolveu atirar no próprio pé. Isso porque Ciro já começou a atacar Temer, como se o vice fosse manter-se paralisado diante das bazofias de um político decadente e que faz da própria insanidade a sua marca maior.

Em jantar com Dilma e Luiz Fernando Pezão (PMDB), governador do Rio de Janeiro, na última quinta-feira (10), Ciro afirmou que Michel Temer “conspira” dentro do Palácio do Planalto e faz “dobradinha” com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). “O que mais me impressiona é a deslealdade do vice, que, depois de empurrar uma montanha de múmia paralítica para dentro do governo, vem com uma carta patética para Dilma”, disse Ciro Gomes, que há muito está fora da cena política.

Errada ao extremo, a estratégia de Dilma é colocar Ciro Gomes para coordenar o movimento contra o impeachment no Senado Federal. Trata-se de uma equivocada ideia de criar uma zona de conflito com o senador Eunício Oliveira (PMDB-CE), líder do partido na Casa e figadal inimigo político de Ciro.

Resumindo, Dilma demonstra com determinadas atitudes que seu desejo maior é deixar o cargo o quanto antes. Afinal, ninguém com doses rasas de experiência política chamaria Ciro Gomes para apagar um “incêndio”. Não causará surpresa se até meados de 2016 a presidente desocupar a cadeira presidencial. Nessa hipótese, que vem sendo incensada nos bastidores, está um acordo para salvar Lula e a família.

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