Metas climáticas: o que prometeu cada país na CPO21?

(Jean-Paul Pelissier - Reuters)
(Jean-Paul Pelissier – Reuters)

Dos 196 países que participam da Conferência do Clima (COP21) em Paris, que deve terminar com um acordo climático global neste sábado (12), 185 já entregaram à Organização das Nações Unidas (ONU) seus planos para frear as mudanças climáticas. Esses países representam 98% das emissões mundiais de gases do efeito estufa.

Os compromissos nacionais incluem a fixação de metas de redução das emissões de cada país e estão descritos em documentos chamados INDCs (sigla em inglês para Contribuições Pretendidas Nacionalmente Determinadas), que devem ser incluídos no tratado.

A revisão desses compromissos é de extrema importância, uma vez que os INDCs atuais não são suficientes para limitar o aumento da temperatura em 2 graus Celsius acima dos níveis pré-industriais – o que reduziria os impactos das mudanças climáticas.

“Existem várias trajetórias para se limitar o aumento da temperatura em 2 graus. Mas isso depende das opções de corte de emissões que os países fizerem e a partir de quando elas serão adotadas”, disse a cientista brasileira Thelma Krug, vice-presidente do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês).

Descubra o que prometeram, antes do início da COP21, os dez maiores emissores de gases nocivos à atmosfera da Terra – segundo o World Resources Institute (WRI):


1. China

A China é a nação mais populosa, a segunda maior economia e o maior emissor de gases nocivos do mundo. O país se compromete em reduzir, até 2030, suas emissões de dióxido de carbono (CO2) – o principal causador do efeito estufa – em até 65%, em relação aos níveis de 2005.

Além disso, nos próximos 15 anos, a China promete elevar o uso de combustíveis não fósseis em suas fontes primárias de consumo para 20% (em comparação com os 11,2% de 2014); e aumentar o volume de florestas capazes de absorver CO2 em 4,5 bilhões de metros cúbicos, em relação ao registrado em 2005.

2. Estados Unidos

O governo americano se compromete em reduzir suas emissões entre 26% e 28% até 2025, em relação aos níveis de 2005. Além disso, as usinas energéticas do país devem cortar a emissão de CO2 em 32% até 2030, também em comparação com 2005.

“O objetivo dos Estados Unidos é ambicioso, mas alcançável, porque temos as ferramentas que precisamos para isso”, afirmou Brian Deese, assessor do presidente Barack Obama para assuntos climáticos, na época da entrega do plano, em março de 2015.

3. União Europeia

Os 28 países-membros da União Europeia têm a intenção de reduzir as emissões de gases do efeito estufa em pelo menos 40% até 2030, em comparação com o índice registrado em 1990. Espera-se ainda aumentar a contribuição de fontes de energias renováveis para 27% do consumo energético do bloco, além de melhorar a eficiência energética também em 27%.

4. Índia

A promessa da Índia é de reduzir entre 33% e 35% a intensidade de emissões de dióxido de carbono até 2030, a partir dos níveis de 2005. O país também diz que, até a mesma data, 40% de sua energia será gerada por fontes renováveis, e que aumentará as florestas, criando um sumidouro de carbono capaz de retirar entre 2,5 bilhões e 3 bilhões de toneladas de CO2 da atmosfera.

5. Rússia

Desde 1992, a Rússia vem reduzindo aos poucos as emissões de carbono a partir da queima de combustíveis fósseis. Ainda assim, o país ocupa o quinto lugar entre os maiores emissores. Em seu plano climático nacional, o país se compromete a reduzir as emissões entre 25% e 30%, baseando-se nos níveis de 1990.

6. Indonésia

O compromisso climático da Indonésia inclui a redução de 29% das emissões até 2030, em comparação a um cenário business as usual – se nenhuma ação tivesse sido tomada. Caso receba algum tipo de apoio internacional, o país afirma que essa meta pode subir para 41%.


7. Brasil

O plano climático brasileiro foi apresentado por Dilma Rousseff em setembro, em discurso na Conferência das Nações Unidas. A meta é reduzir a emissão de gases poluentes em 37% até 2025 e em 43% até 2030, tendo como referência os níveis registrados em 2005.

O país afirma ter “objetivos ambiciosos” para o setor energético, destacando a garantia de 45% de fontes renováveis na matriz energética. Na ocasião da entrega, Dilma informou que pretende acabar com o desmatamento ilegal até 2030, reflorestando 12 milhões de hectares e restaurando 15 milhões de hectares adicionais de pastagens degradadas.

Entre outros pontos do plano estão a participação de 66% de fonte hídrica na geração de eletricidade; a parcela de 23% de fontes renováveis, eólica, solar e biomassa na geração de energia elétrica; o aumento de cerca de 10% na eficiência elétrica; e o percentual de 16% de etanol carburante e demais fontes derivadas da cana-de-açúcar no total da matriz energética.

“O Brasil é um dos poucos países em desenvolvimento a assumir uma meta absoluta de redução de emissões. Temos uma das maiores populações e PIB [Produto Interno Bruto] do mundo, e nossas metas são tão ou mais ambiciosas que aquelas dos países desenvolvidos”, afirmou a presidente em setembro.

8. Japão

O governo japonês promete reduzir as emissões em 26% até 2030, em relação aos níveis de 2013. Além disso, até a mesma data, estima-se que fontes de energias renováveis, incluindo hidrelétricas, representem entre 22% e 24% de toda a eletricidade consumida no país.

Segundo o plano, as centrais nucleares assumiriam de 20% a 22% do consumo. Há ainda metas de aumentar a absorção de CO2, graças a programas de reflorestamento e à redução do uso de clorofluorcarbonos – grandes causadores de efeito estufa.

9. Canadá

Outra meta ambiciosa é a do Canadá, que pretende cortar 30% de suas emissões até 2030, em relação aos números de 2005. Para atingir o objetivo, o país afirmou, em maio, que irá focar no compromisso das províncias, onde as principais emissões são de CO2. O governo também quer reduzir as emissões de metano do setor petroleiro, de gás e de fertilizantes químicos.

10. México

O plano climático do México propõe a redução de 22% de suas emissões de gases de efeito estufa até 2030, em relação ao que emitiria se nada fosse feito. Essa meta sobe para 25% se somado o corte nas emissões do chamado carbono negro, produzido na queima de combustíveis e grande causador do aquecimento global. O México, que inovou ao incluir esse poluente no plano, se compromete a cortar 51% das emissões de carbono negro. (Com agências internacionais)

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