Ainda ministro da Saúde, o paranaense Ricardo Barros (PP) foi chamado à Casa Civil para dar explicações sobre a compra do medicamento L-asparaginase fabricado por um laboratório chinês, escândalo que foi antecipado com exclusividade pelo UCHO.INFO em matéria publicada em 18 de janeiro passado.
O assunto reverberou na imprensa nacional e ao ser questionado sobre o caso, que coloca em risco a vida de aproximadamente 5 mil crianças que sofrem de Leucemia Linfoblástica Aguda (LLA), Ricardo Barros mostrou excesso de nervosismo, até porque não há como explicar o inexplicável.
A compra do medicamento pelo Ministério da Saúde foi marcada por uma série de controvérsias, mas servidores da pasta, colocados em postos-chave por caciques do Partido Progressista, optaram pelo fator preço em detrimento da qualidade do remédio.
Única forma de tratamento da LLA, a L-asparaginase é fabricada na Alemanha, Estados Unidos e Japão, mas o governo brasileiro preferiu adquirir o produto de um laboratório chinês, que não apresentou a documentação exigida por lei, através de empresa registrada no Uruguai e que funciona em um escritório de contabilidade na Grande São Paulo. Ou seja, Ricardo Barros e seus estafetas estão a brincar com a saúde alheia.
A L-asparaginase chinesa – ao contrário da produzida pelos laboratórios concorrentes e adotada por autoridades de saúde de pelo menos 180 países – não tem documentação que comprova a eficácia do medicamento. Testes iniciais realizados no Brasil a pedido de médicos especialistas em oncologia pediátrica mostraram que o medicamento chinês contém perto de quatrocentas impurezas, volume muito acima do permitido. Em outras palavras, os pacientes que usaram o remédio fabricado na China correm riscos.
Enquanto Ricardo Barros continua no cargo, o presidente Michel Temer, que já deveria ter demitido o ministro da Saúde, poderia mostrar à população seu poder de mando e determinar a imediata compra de L-asparaginase de laboratórios confiáveis e com comprovação de eficácia do medicamento, mesmo que o valor seja superior ao do remédio chinês.
Para amenizar muitas críticas da opinião pública contra o governo, o presidente decidiu valer-se da imagem da primeira-dama Marcela Temer, que está à frente de um movimento em defesa da saúde das crianças. Mais um motivo para Michel Temer não apenas demitir a cúpula do Ministério da Saúde, mas impedir que crianças inocentes acometidas pela LLA sejam vítimas de políticos inescrupulosos.
A operação de compra da L-asparaginase chinesa foi algo tão vil, que um servidor do ministério, ligado a Ricardo Barros, afirmou em determinada reunião sem qualquer dose de pudor: “O que vale é o preço, as crianças que morram”.
Tão logo o UCHO.INFO denunciou o esquema – que tem similaridades com o que emoldurou o Laboratório Labogen, que funcionaria como uma das lavanderias financeiras do doleiro Alberto Youssef –, o editor do portal foi ameaçado por pessoa possivelmente interessada no negócio escuso. Autoridades policiais foram acionadas e em breve o autor da ameaça terá de acertar as contas com a lei. Com a palavra, o presidente Michel Temer!