Líder do PT ignora o passado e afirma que CPI da Corrupção serve para desestabilizar o governo

(Foto: Revista Exame)
Memória curta – Com o discurso de que “os partidos de oposição temem ser varridos do mapa nas eleições de 2012”, o líder do PT na Câmara, deputado Paulo Teixeira (SP), alegou que a tentativa de se criar uma CPI para investigar as denúncias de corrupção servem apenas para desestabilizar o governo da presidente Dilma Rousseff.

A afirmação de Paulo Teixeira não é novidade alguma nesse universo de incoerências em que vive o PT, pois desde que chegou ao poder central, com o fanfarrão Luiz Inácio da Silva, o PT vem rasgando seguidamente o discurso do passado.

Quando puxava a fila da oposição, o Partido dos Trabalhadores vez por outra aterrissava nas redações com dossiês, na expectativa de que algum veículo de comunicação embarcasse no “denuncismo” barato que sempre acompanhou a legenda. Por conta das denúncias de outrora, Lula, impulsionado por companheiros obtusos, sempre criou, sem sucesso algum, os chamados governos paralelos, como se a legenda tivesse moral e experiência para tal.

Paulo Teixeira por conveniência deixa de lado alguns capítulos da história, mas o ucho.info tem a obrigação de auxiliar o líder petista na Câmara dos Deputados a não ignorar determinados fatos. Por ocasião do escândalo que ficou nacionalmente conhecido como “Os Anões do Orçamento”, o então deputado federal José Dirceu (PT-SP), agora cassado, subiu à tribuna da Câmara para dizer que a cassação de um mandato parlamentar exigia apenas evidências, não provas. Abusado e arrogante como sempre, Dirceu se referiu à época ao então deputado Ricardo Fiúza (PFL-PE), que acabou absolvido.

Na esteira do mesmo escândalo e com o maciço apoio do PT, que se valeu das notícias publicadas na imprensa para embasar sua gazeta, o ex-presidente da Câmara, deputado Ibsen Pinheiro (PMDB-RS) esteve alijado da vida pública durante dez anos, por conta da onda de “denuncismo” que invadiu o Congresso Nacional.

É compreensível o fato de Paulo Teixeira atuar para evitar a criação de uma CPI, pois trata-se de uma questão de sobrevivência de alguns partidos, a começar pelo PT e pelo PMDB, maior e mais importante legenda da chamada base aliada. O que Teixeira não pode, em hipótese alguma, é alegar que não há provas contra os ora acusados.

No contraponto, Paulo Teixeira precisa compreender que o governo da companheira Dilma Rousseff não precisa dos adversários para enfrentar solavancos políticos, pois os aliados dão conta do recato com folga e destreza. Ademais, o líder petista deveria ser isonômico e, se fosse o caso, aplicar a mesma teoria defendida no passado por José Dirceu.