Longe do discurso do passado, PT cumpre ordens de Dilma e protege aliados acusados de corrupção

Quem te viu – Quando promoveu uma devassa no Ministério dos Transportes, alvo de denúncias de superfaturamento de obras e cobrança de propinas, Dilma Rousseff agiu corretamente e deu aos brasileiros a esperança de ver a corrupção, se não varrida do cotidiano, pelo menos amenizada, até porque essa prática criminosa causa ao País prejuízos anuais na casa de US$ 3,5 bilhões.

O que a presidente da República não esperava é que a Esplanada dos Ministérios se transformasse em uma cascata de denúncias, alvejando o principal partido da chamada base aliada, o PMDB. Depois da demissão de Alfredo Nascimento, então ministro dos Transportes e toda a sua turma, Dilma viu dois ministérios comandados pelo PMDB serem foco de denúncias graves.

No Ministério da Agricultura, o furacão começou a soprar com as denúncias feitas por Oscar Jucá Neto (irmão do líder do governo no Senado, Romero Jucá), que acusou o ministro Wagner Rossi de corrupção. Jucá Neto pode ter se excedido nas acusações porque foi demitido da diretoria financeira da Conab por ordem de Rossi, mas há algo muito estranho nesse imbróglio. Wagner Rossi, que nega as acusações, apresenta pilhas de documentos para provar sua inocência, mas decidiu não processar o seu acusador.

No último final de semana, uma nova reportagem da revista “Veja” detalhou a atuação do lobista Júlio Fróes, que com a anuência de Milton Ortolan, então secretário-executivo da pasta, agia livremente no ministério, com direito, inclusive, a gabinete próximo ao ministro Wagner Rossi. Como já era esperado, Rossi disse que desconhecia o fato do lobista Fróes atuar no Ministério da Agricultura.

Wagner Rossi pode não ter qualquer relação com as denúncias publicadas na imprensa, mas é inimaginável que alguém tão ingênuo, a ponto de não saber o que acontece na sala ao lado, pode comandar um dos mais importantes ministérios do País.

Situação idêntica enfrenta o ministro do Turismo, Pedro Novais, que na terça-feira (9) viu o secretário-executivo da pasta, Frederico Silva da Costa, ser preso pela Polícia Federal com outras três dúzias de acusados na Operação Voucher.

Pedro Novais, do PMDB do Maranhão, chegou ao Ministério do Turismo por pressão do presidente do Senado Federal, José Sarney, a quem o ministro é ligado e dá satisfações regularmente. Tão logo a notícia das prisões decorrentes da Operação Voucher alcançou os meios de comunicação, a assessoria de Dilma Rousseff se apressou em afirmar que as acusações não resvalavam no ministro Novais. Quando começou a definir os nomes de seu ministério, Dilma afirmou que convidaria pessoas qualificadas e experientes para ocupar os cargos. A única experiência de Pedro Novais na área do turismo foi uma festa pouco ortodoxa realizada em um motel no interior do Maranhão, cujas despesas foram pagas com dinheiro da Câmara dos Deputados.

Quando o Executivo recebe de determinados partidos políticos apoio no Congresso Nacional, a contrapartida, diferentemente do que ocorreu no “Mensalão do PT”, se dá através do loteamento dos primeiro e segundo escalões do governo. Até onde se sabe, nenhum desses contemplados pelo fatiamento da República assume um cargo por patriotismo, pois, como temos afirmado ao longo dos anos, política é negócio dos bons. Não pense o incauto brasileiro que os indicados para ocupar cargos de destaquem o fazem por ideologia ou diletantismo. Eleger-se é uma empreitada que custa muito dinheiro, que precisa ser reavido de uma forma ou de outra.

O que não se pode aceitar passivamente é essa enxurrada de declarações de inocência, todas elas endossadas por integrantes do Partido dos Trabalhadores, que em passado não tão distante rugia quando algum situacionista ultrajava a ética pública. O melhor exemplo do pretérito falso moralismo petista foi protagonizado por José Dirceu de Oliveira e Silva, o Pedro Caroco, que por ocasião do escândalo que ficou conhecido como “Anões do Orçamento” disse que para cassar o mandato do então deputado Ricardo Fiúza (PFL-PE), já falecido, bastavam as evidências, não provas.

Nos recentes casos de corrupção do governo Dilma, que estrearam com o ex-ministro Antonio Palocci Filho, há não apenas evidências, mas provas aos bolhões. E se apenas evidências existissem, essas seria suficientes para uma limpeza sem precedentes na Esplanada dos Ministérios, algo que Dilma nem em sonho fará, pois do contrário sua permanência no Palácio do Planalto pode ser encurtada sobremaneira.