(*) Do Opera Mundi –
O despejo excessivo de poluentes em águas da América Central, bem como as alterações radicais do padrão climático local, estão prestes a destruir por completo uma das maiores concentrações de corais do planeta. De acordo com um estudo divulgado nesta segunda-feira (10) pela IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza, na sigla em inglês), apenas 8% da barreira de recifes caribenha permanece viva.
Para a equipe de ambientalistas responsável pela pesquisa, a sobrevivência desse imenso ecossistema marinho depende agora de medidas governamentais de conservação urgentes. Hoje ínfimas, suas taxas de crescimento vem desacelerando desde a década de 1970, quando a área viva da barreira não passava da marca dos 50%. Trata-se de um recrudescimento de 42 pontos percentuais em pouco mais de quatro décadas.
“As principais causas da destruição dos corais são bem conhecidas e incluem pesca desregulada, poluição, doenças e o branqueamento provocado pelo aumento das temperaturas. O que há agora é uma necessidade urgente de reduzir drasticamente os impactos humanos na área, isso se há algum interesse em ver esses recifes e os cardumes que dependem deles sobrevivendo ao longo das próximas décadas”, comentou ao jornal britânico The Guardian, Carl Gustaf Lundin, diretor global dos programas de preservação marinha e polar da IUCN.
Alertas sobre a degradação de recifes de corais no mundo inteiro tornaram-se mais frequentes ao longo dos últimos anos, especialmente por conta do crescente aumento da concentração de poluentes em ambientes marinhos. Mais além, especialistas também perceberam uma elevação da acidez dos oceanos e registraram uma expansão da pesca de espécies que se refugiam nesses ecossistemas.
No início do ano passado, cientistas do WRI (Instituto de Recursos Naturais, na sigla em inglês) revelaram estimativas mais otimistas após calcularem que 75% dos recifes de corais caribenhos corriam risco de desaparecer. De acordo com esse estudo, um quadro ainda mais delicado está se desenvolvendo na costa sudeste da África, onde esse tipo de dano atinge 95% da área habitada por essa variedade de ecossistema. A previsão dessa ONG é de que, até 2050, todos os recifes de corais do planeta estarão em condições críticas.
Em todo o planeta, 275 milhões de pessoas vivem em regiões habitadas por recifes. A expectativa da IUCN é de que esse recrudescimento do espaço habitado por corais traga prejuízos substantivos a comunidades costeiras de países dependentes de recursos gerados pela pesca e pelo turismo. Apenas em algumas ilhas mais remotas do Caribe a situação é menos crítica. Nas Antilhas Holandesas e nas Ilhas Cayman, por exemplo, os corais mortos não ultrapassam a marca de 70% das áreas catalogadas.
O relatório da IUCN foi elaborado por 36 cientistas oriundos de 18 países. Ao longo desta semana, a organização coordena seu Congresso Mundial de Conservação nas ilhas Jeju, na Coreia do Sul. A organização propõe o estabelecimento de cotas para a indústria pesqueira, a criação de mais áreas de proteção marinha e a aprovação de medidas que restrinjam o uso de determinados fertilizantes em fazendas próximas ao litoral.
Os corais são peça-chave para o equilíbrio ecológico dos oceanos pois operam como abrigos para animais mais jovens e, portanto, indefesos. Mais além, também representam uma importante fonte de renda para as comunidades locais, que dependem fortemente da renda gerada por atividades turísticas.