Fechando o cerco – Duas novas vítimas, meninas menores de idade estupradas pelo ex-assessor especial de Gleisi Hoffmann (PT) na Casa Civil, Eduardo Gaievski, se apresentarão à Justiça do Paraná nas próximas horas para prestar depoimento. Elas serão representadas pelo advogado Natalício Farias, que já defende outras quatro vítimas do pedófilo e atua como assistente de acusação nos processos criminais em que o o petista é réu.
O aparecimento de novas vítimas complica a situação do então braço direito de Gleisi, que já é investigado pelo Ministério Público paranaense por 40 crimes sexuais, 26 estupros, sendo que 17 deles contra vulneráveis (menores de 14 anos).
Com os dois novos casos sobe para 42 os crimes praticados por Gaievski, que deve passar décadas atrás das grades, uma vez que a Justiça decidiu julgar cada crime isoladamente, o que produzirá condenações distintas. Como o estupro de vulnerável é considerado crime hediondo, o futuro do monstro da Casa Civil é o pior possível.
O advogado Natalício Farias lembra que, entre amigos, Eduardo Gaievski costumava se gabar de ter feito sexo com mais de 200 menores, entre 2005 e 2012, período em que foi prefeito de Realeza. Mas o número de vítimas pode ser ainda maior, porque muitas delas não denunciaram o ex-prefeito como forma de escapar constrangimentos na pequena cidade paranaense, uma vez que atualmente estão casadas ou namorando.
Um desses relatos foi parar no YouTube e está sendo periciado pelo Ministério Público. No áudio, um homem identificado como Gaievski conta em detalhes, às gargalhadas, como “tirou a virgindade” de uma menina de 14 anos.
“Um dos problemas para a punição de estupradores é o medo e a vergonha das vítimas”, diz Natalício Farias. Ele cita uma estatística mundial sobre a subnotificação desse tipo de crime. “Especialistas estimam que, no Brasil e no mundo, só 10% das mulheres estupradas comuniquem o estupro à polícia. Isso quer dizer que o número real das vítimas de Gaievski pode ser muito maior. De acordo com essa estatística, 200 a 300 meninas podem ter sido estupradas por ele”, diz o advogado.
Farias diz ainda que além da vergonha as vítimas de estupro temem o poder do estuprador. “O caso de Gaievski, que foi prefeito, pelo PT, de Realeza duas vezes, elegeu um sucessor petista e depois foi levado por Gleisi Hoffmann para um cargo importante em Brasília, onde cuidava de assuntos relativos a menores, como programas de combate ao crack e a construção de creches, é o típico estuprador poderoso que provoca muito medo nas vítimas”.
“O medo das vítimas, no caso de Gaievski, tem muita razão de ser”, diz o advogado. Ele lembra que, preso no Centro de Triagem de Curitiba, o pedófilo foi flagrado usando um celular para enviar mensagens de aos seus advogados, orientando como intimidar as meninas estupradas para que mudassem seus depoimentos.
“Gaievski é um deliquente ousado e perigoso. Se vier a ser solto, para responder o processo em liberdade, muitas vítimas podem ficar com medo de se apresentar a polícia”, afirma Natalício Farias.
Para que o leitor consiga compreender a sordidez com que o pedófilo agia contra suas vítimas, o ex-prefeito de Realeza conseguiu o telefone de uma garota de apenas 14 anos na lista do “ProJovem Trabalhador”, programa do governo federal que prepara os jovens para o mercado de trabalho. Sem saber o que lhe esperava, mas necessitando do emprego, a menina foi ao encontro de Gaievski, que a estuprou no carro da prefeitura.