Zona de perigo – Ex-diretor internacional da Petrobras e demitido na esteira da chegada de Maria das Graças Foster ao comando da empresa, Paulo Roberto Costa foi preso nesta quinta-feira (20) pela Polícia Federal, acusado de destruir provas relacionadas à Operação lava-Jato, que investiga um grupo de pessoas e doleiros envolvidos em um esquema que pode ter lavado US$ 10 bilhões.
A prisão é temporária (cinco dias) e tem o objetivo de impedir que novas provas sejam destruídas, mas é temerário afirmar que Costa estivesse de fato agindo dessa maneira. O ex-diretor da Petrobras é acusado de ter recebido um carro de um dos doleiros do esquema criminoso, mas é possível que sua prisão seja uma forma de o Palácio do Planalto dar um recado ao PMDB, que na Câmara dos Deputados lidera a rebelião da base aliada, a qual tem imposto seguidas derrotas ao governo de Dilma Rousseff.
Paulo Roberto Costa chegou ao cargo de diretor da área internacional da Petrobras como indicado de Michel Temer, vice-presidente da República, e Renan Calheiros, presidente do Senado, mas o governo pode ter atirado no próprio pé se apostou apenas nessa relação política.
Enganam-se os palacianos que creem que Paulo Roberto Costa tem ligações políticas apenas com o PMDB. Quem conhece minimamente os bastidores da política nacional sabe que Costa mantém, desde os tempos de Petrobras, relações com a ala branda do PT. E foi a partir dessa relação bisonha que surgiu a ideia de se oferecer cargos na divisão internacional da empresa, mais precisamente na refinaria Pasadena, em troca do silêncio de pessoas que tinham e ainda têm informações bombásticas sobre o Mensalão do PT, as quais certamente mandariam para a cadeia muitos políticos conhecidos.
Ligações perigosas
País do faz de conta, o Brasil transformou-se em reino da impunidade. Isso fica claro nas conexões entre os muitos crimes de corrupção cometidos por políticos e autoridades, que acreditam que os cargos são escudos contra a ação da Justiça. Na Operação Lava-Jato, da PF, foram presos Enivaldo Quadrado, ex-sócio da corretora Bônus Banval e condenado na Ação Penal 470 (Mensalão do PT), e Alberto Youssef, doleiro paranaense que foi denunciado no escândalo do Banestado.
Natural de Londrina, Youssef, para quem não sabe, é compadre do ex-deputado federal José Janene, o Xeique do Mensalão, que no auge do escândalo não poupou de suas críticas ácidas e ameaçadoras a mãe do então presidente Lula, que, em alto em bom som e diante de muitos parlamentares, foi chamado de “filho da puta” pelo então deputado, já falecido.
Se a Polícia Federal decidir puxar o novelo que ora se apresenta, identificará as muitas conexões entre recentes escândalos de corrupção. Apenas para reavivar a memória dos leitores, Daniele Janene, filha do ex-deputado, chegou a estagiar na corretora Bônus Bonval.
Resumindo, se Alberto Youssef e Paulo Roberto Costa decidirem soltar o verbo, por certo metade da classe política sairá em debandada, pois é enorme a quantidade de informações comprometedoras que ambos guardam a sete chaves.