Mapa da mina – O deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) e demais parlamentares independentes da CPI do Cachoeira (Pedro Simon, Randolfe Rodrigues, Pedro Taques e Rubens Bueno) entregaram ao Procurador-Geral da República, Roberto Gurgel, no final da manhã desta quinta-feira (22), representação com dados e sugestões de investigação. Os parlamentares explicaram, no gabinete de Gurgel, que a intenção desse trabalho é permitir o aprofundamento da apuração em torno do esquema criminoso comandado pela Delta Construção, de propriedade do empresário Fernando Cavendish. A representação também foi uma manifestação de repúdio ao relatório do deputado petista Odair Cunha, considerado por Lorenzoni um instrumento de retaliação política e desrespeito ao Ministério Público Federal.
“O documento que nós preparamos é fruto de meses de trabalho de nossas assessorias técnicas. Foram técnicos que tiveram o único comprometimento de buscar a verdade”, reiterou o Democrata. “Começamos com uma investigação em torno de uma organização de Carlinhos Cachoeira e descobrimos outra muito maior que movimenta volumes de recursos extraordinários que é a empresa Delta. Esta organização se espalhou de maneira tentacular em vários estados e também se apropriou de recursos federais, particularmente, no DNIT”, lembrou Lorenzoni.
O deputado gaúcho explicou a Roberto Gurgel que na representação de mais de 80 páginas consta um levantamento da transferência de cerca de R$ 550 milhões da Delta para empresas laranjas. Desse montante, apenas R$ 109 milhões foram investigados pela CPI. “Esse documento que estamos entregando aqui ao Procurador-Geral tem todas as indicações para que a investigação seja aprofundada e esse mega esquema seja descoberto”, acrescentou. Além disso, o documento sugere o indiciamento do dono da construtora, Fernando Cavendish, e dos deputados Carlos Alberto Leréia e Sandes Júnior. Também propõe maior investigação em torno dos governadores do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, do Tocantins, Siqueira Campos, e do Distrito Federal, Agnelo Queiroz.
Roberto Gurgel afirmou que o material recebido será muito útil para dar continuidade às investigações. Segundo o procurador-geral, as informações enviadas pela Justiça de Anápolis ao Ministério Público ficaram pequenas diante dos fatos atuais com o envolvimento de empreiteiras. “No início se resumia ao jogo ilegal e agora ficou diminuto diante da magnitude dessa organização criminosa”, disse Gurgel. Foi a partir do trabalho da PGR que houve a operação Monte Carlo, da Polícia Federal, resultando na prisão da Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira. O procurador-geral também afirmou acreditar que se o relatório final da CPI do Cachoeira trouxer o pedido de indiciamento dele, esse fato seria uma retaliação à atuação do órgão no caso do julgamento do Mensalão do PT.