Prisão de André Vargas e Vaccari Neto e a extradição de Pizzolato levam petistas ao desespero

henrique_pizzolato_14Momentos de tensão – Se partidos políticos têm direito a inferno astral, o PT certamente vive um dos seus piores momentos. Não bastasse o envolvimento da legenda no Petrolão, o maior escândalo de corrupção de todos os tempos, o que deixou o PT vulnerável, a prisão de João Vaccari Neto caiu como bomba entre os “companheiros”. Isso porque o ex-tesoureiro petista sabe demais e a possibilidade de delação premiada não deve ser descartada, apesar de no partido existir uma regra similar à “omertá”, famosa entre folclóricos mafiosos da Itália.

Por mais que o PT funcione como uma organização criminosa, como afirmou o senador tucano Aécio Neves, Vaccari Neto nem mesmo em sonho pagará sozinho a indigesta fatura que surgiu no rastro da Operação Lava-Jato. Aliás, após sua prisão, o ex-tesoureiro mandou alguns recados para a cúpula do partido, que pode ter tomado as providências necessárias para garantir o silêncio de Vaccari. No caso de eventual delação, João Vaccari Neto mandaria o partido pelos ares.

No contraponto há uma situação que precisa ser analisada com cautela e atenção. Ao determinar a soltura de Marice Correa de Lima, cunhada do ex-tesoureiro do PT, o juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos decorrentes da Lava-Jato, cumpriu o que determina a legislação vigente no País. Prevaleceu o “in dúbio pro reo”, ou seja, falou mais alto o instituto da presunção da inocência, que na dúvida deve-se beneficiar o réu. A imagem que mostra uma pessoa, supostamente Marice, em uma agência bancária fazendo depósito, não é conclusiva. Por isso Moro optou pela soltura da investigada.

No caso em questão, ao menos um detalhe causa espécie. O advogado de Marice alegou que a pessoa que aparece no vídeo não é Marice, mas sua irmã, esposa de Vaccari Neto. Já o advogado do ex-tesoureiro petista, Luiz Flávio D’Urso, disse que o dinheiro que a esposa de Vaccari depositou em sua corrente tem origem lícita e é fruto do trabalho do marido.

O UCHO.INFO não está a discordar da afirmação do criminalista, mas é estranho o fato de dinheiro vivo, eventualmente fruto de trabalho lícito, ter sido depositado em conta bancária enquanto a Operação Lava-Jato ganhava contornos cada vez mais explosivos. De acordo com a lei, Vaccari Neto é inocente, mas ele não acabou na carceragem da Polícia Federal de Curitiba porque tem vocação para querubim.

Em conversa com o editor do site, advogados criminalistas, alguns deles atuando na defesa de envolvidos no Petrolão, foram unânimes ao afirmar que controlar João Vaccari Neto é tarefa menos trabalhosa do que esperar o silêncio de Marice Correa Lima. Se a soltura da cunhada do ex-tesoureiro petista foi um equívoco não se sabe, mas a análise pericial das imagens já foi requisitada, sendo que o resultado poderá responder a questão.

Ansiolítico na cabeceira

Em outro vértice do inferno astral petista está o “camarada” Henrique Pizzolato, condenado na Ação Penal 470 (Mensalão do PT) e foragido desde a decretação de sua prisão pelo Supremo Tribunal Federal. Pizzolato, usando um passaporte falso, fugiu para a Itália, onde foi preso por falsidade ideológica. A Justiça italiana decidiu na manhã desta sexta-feira (24) que o ex-diretor de Marketing do banco do Brasil será extraditado para o Brasil. Situação que aumenta a tensão no núcleo duro do Partido dos Trabalhadores.

Condenado a 12 anos e 7 meses de prisão por corrupção, peculato e lavagem de dinheiro, Henrique Pizzolato está preso desde fevereiro deste ano na penitenciária de Sant’Anna, em Modena, no norte da Itália. Sua extradição poderá acontecer nos próximos dias, dependendo apenas da chegada de uma equipe da Polícia Federal que acompanhará a viagem de volta do mensaleiro ao Brasil.

A grande questão é saber por quanto tempo Pizzolato permanecerá calado. A sua fuga para Europa, à sombra de passaporte falso emitido em nome de um irmão falecido há mais de 35 anos, é prova inconteste de que Henrique Pizzolato não tem vocação para ser um prisioneiro silencioso. Em outras palavras, o ex-petista não pagará calado uma conta que não é apenas sua. Em suma, ele pode revelar aquilo que o Ministério Público Federal e o STF não descobriram ao longo da investigação do Mensalão do PT.

Correndo por fora

Considerado o mais novo problema na trajetória do PT, André Vargas Ilário, ex-vice-presidente da Câmara dos Deputados, atualmente sem partido, está a um passo de contar o que sabe aos integrantes da força-tarefa da Operação Lava-Jato. Preso na carceragem da Polícia Federal, na capital paranaense, por conta de negócios nada ortodoxos envolvendo órgãos do governo federal, Vargas não tem estrutura para suportar emudecido o cerceamento da liberdade por longo período.

O ex-petista sabe que será condenado à prisão, mas nos bastidores demonstrava, não é de hoje, sua disposição para levar para o olho do furacão muitos dos então companheiros de partido. Entre eles, a senadora Gleisi Helena Hoffmann e o ex-ministro Paulo Bernardo da Silva (Planejamento e Comunicações), ambos filiados ao PT do Paraná.

Gleisi foi acusada pelos principais delatores da Lava-Jato – Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef – de ter recebido R$ 1 milhão para sua campanha de 2010, dinheiro desviado do esquema criminoso que saqueou os cofres da Petrobras.

Quando perdeu o mandato parlamentar por causa de seu envolvimento com o doleiro do Petrolão, Vargas mandou vários recados à cúpula petista, que durante o processo de cassação não se mexeu para evitar sua degola política.

André Vargas operou durante muito tempo e com excesso de desenvoltura nos subterrâneos dos governos petistas e sabe quem frequentava esse bastidor imundo do poder. A possibilidade, pequena por enquanto de Vargas aderir à delação premiada já tem tirado o sono de muitos petistas e aliados. Qualquer declaração do ex-homem forte do PT paranaense pode implodir o partido. E isso é uma questão de tempo.

Para finalizar, analisando o quadro atual vivido pelo PT, a “companheirada” terá muito mais trabalho com Pizzolato e Vargas do que com Vaccari. Até porque, o ex-tesoureiro não será abandonado e em algum momento saberá que o País de Alice o espera com pompa, circunstância e patacões de sobra.

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