Extradição de Pizzolato: deputada ítalo-brasileira diz que Itália dá lição de Justiça ao governo brasileiro

(Foto: Robson Gonçalves)
(Foto: Robson Gonçalves)
Fazendo as malas – A deputada ítalo-brasileira Renata Bueno afirmou, nesta sexta-feira (24), que ao decidir pela extradição de Henrique Pizzolato, ex-diretor do Banco do Brasil, condenado a 12 anos e 7 meses de prisão no processo do Mensalão do PT, a Itália dá um exemplo de Justiça ao governo brasileiro, que em 2010 se negou a entregar ao país o ex-militante do grupo italiano Proletários Armados para o Comunismo, Cesare Battisti, sentenciado à prisão perpétua por envolvimento em quatro assassinatos cometidos na década de 70.

“Olhando do ponto de vista político, nós tivemos durante muitos anos um grande impacto na relação diplomática entre o Brasil e a Itália por conta do caso Cesare Battisti. Foi um grande erro do governo brasileiro que abalou profundamente a sociedade italiana. A Itália mostra neste momento ao Brasil como é que se faz. Apesar de Pizzolato ser um cidadão italiano, de ter que ter as garantias tuteladas dos direitos humanos, até porque isso é uma exigência da União Europeia, ele vem a ser extraditado por se entender que o caso de corrupção hoje no Brasil é muito grave. Nós inclusive apresentamos um mini dossiê ao governo italiano mostrando a situação da crise política no Brasil para que eles entendessem o cenário atual. Agora, com a decisão pela extradição, a Itália mostra ao governo brasileiro o que deve ser feito com quem realmente é culpado”, declarou a deputada, em Roma, após ser comunicada oficialmente pelo governo local sobre a extradição de Pizzolato.

Eleita na América do Sul para representar a comunidade italiana da região no Parlamento da Itália, Renata Bueno considerou a decisão do governo italiano uma vitória para a sociedade brasileira. Ela acompanhou desde o princípio o desenrolar do caso Pizzolato. Logo após sua fuga, em novembro de 2013, e as primeiras notícias de que ele poderia estar escondido no país europeu, ela procurou as autoridades policiais italianas e a Interpol para pedir empenho nas buscas ao condenado no processo do Mensalão. O ex-diretor de marketing do Banco do Brasil acabou sendo preso no dia 5 de fevereiro de 2014 na cidade de Maranello (a 322 km de Roma), no norte da Itália.

Desde então, a parlamentar passou a acompanhar o processo de julgamento e de extradição de Pizzolato. “Acompanhamos a prisão, a primeira decisão da Corte de Bolonha e o recurso na Corte de Justiça, que validou a extradição plena, inclusive determinado a prisão imediata dele. Durante todo esse processo, tivemos em contato com os magistrados mostrando a importância política desse caso para o Brasil. Relatamos que se tratava de um escândalo de corrupção muito grande, num processo de durou vários anos, e que resultou na condenação em último grau de vários réus, sendo que só Pizzolato, que fugiu para a Itália, estava solto”, explicou Renata Bueno.

Depois dessa etapa, a parlamentar atuou junto ao governo da Itália e manteve diversos contatos com o ministro da Justiça, Andrea Orlando, que agora deu a palavra final para a extradição e colocou Pizzolato à disposição da Justiça brasileira. “Pedi a ele que apesar de Cesare Battisti não ter sido extraditado, que agora a Itália mostrasse para o Brasil a importância de devolver um condenado para que a Justiça brasileira tomasse as devidas providências”, afirmou a deputada, que durante todo esse processo atuou em conjunto com outros parlamentares que representam a América do Sul e com a embaixada do Brasil na Itália.

Caso Battisti

Em novembro de 2009, o Supremo Tribunal Federal autorizou a extradição do terrorista Cesare Battisti, pedida pela Itália, mas decidiu que se tratava de decisão soberana da Presidência da República.

Em 31 de dezembro de 2010, último dia de seu mandato, o então presidente Luiz Inácio da Silva (PT) recusou o pedido de extradição, em mais um ato de covardia, desta vez com os familiares das vítimas do ex-integrante do grupo terrorista “Proletários Armados pelo Comunismo” (PAC).

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