Proposta do governo para o salário mínimo de 2014 é um atentado contra a dignidade humana

Falta de vergonha – Sem saber como combater a crise econômica e muito menos o que o futuro reserva aos brasileiros, o governo da presidente Dilma Rousseff está empenhado na elaboração da Lei de Diretrizes Orçamentárias, que trata do Orçamento da União de 2014 e será enviada ao Congresso Nacional em breve. De acordo com a proposta, divulgada nesta segunda-feira (15) pelo Ministério do Planejamento, o governo dos trabalhadores pretende elevar o salário mínimo, que saltaria dos atuais R$ 678 para R$ 719,48, logo no primeiro dia do próximo ano.

O aumento proposto pelo governo do PT ao salário mínimo é tão ridículo quanto o concedido em 2012 e que elevou o piso nacional para irrisórios R$ 678. O aumento de R$ 41,48 representa R$ 6,12% do mínimo atual, em um país onde a inflação acumulada nos últimos doze meses bateu na casa dos 6,59%, acima do teto da meta fixada pelo governo.

Essa proposta não apenas beira a utopia, mas atropela os discursos passados do PT, que sempre defendeu os números sugeridos pelo Dieese, que no último cálculo considerou um salário ideal, capaz de atender às necessidades básicas do trabalhador, o valor de R$ 2.824,92. Ou seja, o que o Planalto propõe para 2014 corresponde a 25% do mínimo sugerido pelo Dieese para este mês de abril.

Se tomada por base a inflação real, não a divulgada pelo governo, o aumento do salário mínimo para o próximo ano é um atentado contra a humanidade. O Palácio do Planalto tem se apoiado nos discursos embusteiros sobre a redução da miséria, mas é inimaginável sobreviver com R$ 678 sem enfrentar pelo menos alguns lampejos de miséria. A situação piora quando o salário mínimo é pouco para quem recebe e muito para quem paga.

O mais absurdo está no fato de que os políticos do PT fazem pose quando falam de transferência de renda e combate à pobreza, não sem antes insistirem na tese de transformar o consumo interno em arma para liquidar a crise econômica.

Não há político que consiga expressivos índices de aprovação popular à sombra de um salário que garante a compra de uma reles cesta básica e o direito de usar o transporte público duas vezes ao dia. Isso mostra que as pesquisas de opinião que apontam a aprovação recorde de Dilma não traduzem a realidade dos fatos e confirmam a eficácia das esmolas sociais na formação de obedientes currais eleitorais, mesmo o governo negando essa possibilidade.