Ministro das Relações Exteriores, o tucano José Serra minimizou o protesto de patrocinado por delegações de seis países contra Michel Temer no plenário que foi palco da mais uma edição da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York.
Nesta terça (20), no momento em que Temer dirigia-se à tribuna para discursar, os representantes de Venezuela, Equador e Nicarágua deixaram o plenário em protesto contra o impeachment de Dilma Rousseff, como se o processo de que foi alvo a petista não tivesse respeitado o Estado Democrático de Direito e a Constituição brasileira. A maioria dos integrantes da representação da Costa Rica também abandonou recinto momentos antes da fala de Temer.
O protesto não contou com a participação dos respectivos chefes de Estado e foi protagonizado por diplomatas e ministros. Embaixadores da Bolívia e de Cuba se recusaram a entrar no plenário da ONU enquanto Michel Temer fazia o uso da palavra.
“No caso, a ONU tem 200 membros, não nos esqueçamos disso. São cerca de 200 países. Não me parece uma proporção significativa”, declarou José Serra, que disse não ter percebido o protesto enquanto este acontecia.
Perguntado sobre os efeitos colaterais que o protesto causaria ao Brasil, o chefe do Itamaraty disse: “Nenhum [impacto]. Do ponto de vista internacional, é próximo a zero”.
Em primeiro lugar é preciso destacar que os presidentes dos países participantes do protesto são parceiros ideológicos do PT e, portanto, defensores da cleptocracia ancorada por Lula durante treze anos. Sendo assim, a manifestação não merece qualquer consideração, a não ser nos respectivos países, onde esse tipo de postura é festejado como se fosse um grande feito.
Não se pode desconsiderar o fato de que o Brasil, apesar da grave crise econômica que enfrenta, ainda é a maior economia do chamado Cone Sul, da qual os vizinhos são dependentes. Como até recentemente a diplomacia brasileira era baseada na ideologia, os interesses desses países sempre foram atendidos pelo governo petista, pois por trás existia o projeto criminoso embalado pelo malfadado Foro de São Paulo. Por isso, a encenação pífiia que teve lugar na ONU não passa de birra diplomática que visa alguma benesse comercial mais adiante.
Por outro lado, não se pode dar crédito ópera bufa encenada pelas representações de Venezuela, Cuba e Bolívia. A ditadura capitaneada pelo decadente Nicolás Maduro agoniza cada vez mais, enquanto o país está mergulhado em uma crise múltipla sem precedentes, sem contar a truculência com que são tratados os adversários do Palácio de Miraflores.
Em relação a Cuba, o totalitarismo ideológico continua existindo na ilha caribenha, que agora finge ser uma quase democracia por questões de necessidade de sobrevivência. Fidel Castro, mesmo fazendo hora extra, continua dando ordens, muitas delas obtusas e ditatoriais.
No que tange à Bolívia, a “narcocracia” liderada pelo “índio cocalero” Evo Morales não merece respeito. Morales está em seu terceiro mandato porque tornou-se refém dos barões da cocaína, que exigiram a mudança da Constituição local para garantir reeleições. Acontece que ao fim do atual mandato o presidente Evo Morales terá sérios problemas, porque, pelo menos por enquanto, está descartada nova reeleição. Resta saber como reagirão os narcotraficantes bolivianos.
Em suma, Venezuela, Cuba e Bolívia não são as melhores referências quando o assunto é democracia. Considerando que Dilma está desempregada e à caça de algum rendimento extra, Maduro, Morales e Raúl Castro poderiam arrumar o quanto antes uma “boca rica” para a companheira de ideologia e de armas.