Peças se encaixam – Relatados pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel, os detalhes dos empréstimos bancários feitos pelo Partido dos Trabalhadores durante o período de vigência do mensalão são a ponta da conexão, ainda ignorada, com o escândalo que culminou com a morte do petista Celso Daniel, então prefeito de Santo André, como revelou o ucho.info.
A fragilidade dos empréstimos, para não falar em fraude, revela o lado obscuro de transações financeiras que nem de longe respeitaram a prática do mercado em relação à formalidade do pleito e à exigência de garantias.
Como revelado por este noticioso, boa parte do dinheiro da propina arrecadada em Santo André acabou em contas bancárias no exterior, o que criou dificuldades aos envolvidos no esquema criminoso após o brutal assassinato do prefeito. Meses depois da morte de Celso Daniel, as contas foram alvo de seguidas movimentações, o que deixou algumas pessoas do esquema indignadas.
Trazer de volta ao País dinheiro sujo é uma operação que exige cautela redobrada e que não pode ser realizada com um doleiro qualquer, por mais que o cambista ilegal seja respeitado no mercado. O entrave encontra-se na legalização do valor repatriado, o que é impossível sem que o montante passe pelo Banco Central. De tal modo, adotou-se no mercado financeiro a prática de empréstimos fraudulentos, em que o banco, com uma instituição correspondente ou de se sua propriedade no exterior, recebe o valor “offshore” e paga ao cliente através da operação de crédito fictícia.
Como o empréstimo jamais será pago e não será cobrado, o banco lança o prejuízo no balanço e se beneficia na hora dos acertos com o Leão. Sem contar que transfere sem qualquer esforço ou vigilância dinheiro para exterior. Ou seja, uma sequência criminosa que beneficia todos os envolvidos, até que alguém, como em toda quadrilha que se preze, resolve por um motivo qualquer contar o que sabe.