Tribunal de Contas aponta sobrepreço de R$ 1,4 mi em ciclovias do petista Fernando Haddad

fernando_haddad_49Mãos ao alto – A auditoria realizada por fiscais do Tribunal de Contas do Município (TCM) constatou nove irregularidades e sobrepreço de cerca de R$ 1,4 milhão nos contratos feitos pela gestão Fernando Haddad (PT) para a construção das ciclovias da Avenida Paulista e do Minhocão, na cidade de São Paulo. Elas custaram cerca de R$ 18 milhões.

O TCM questiona o fato de a São Paulo Transportes (SPTrans), empresa municipal responsável pela construção das ciclovias, ter usado uma ata de registro de preços da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) com valores unitários bem superiores aos que constam em outro documento, da Secretaria Municipal de Coordenação das Subprefeituras, para executar os mesmos serviços.

Em uma amostragem feita sobre serviços que custaram R$ 8,6 milhões, ou seja, 81% do valor total do contrato, somente na ciclovia da Avenida Paulista, o órgão constatou que ações como demolição de concreto, recapeamento asfáltico e lavagem de rua poderiam ter custado R$ 7,6 milhões, se a Prefeitura tivesse usado a outra ata de registro de preços, ficando claro um sobrepreço de R$ 1 milhão, ou 13,3% a mais.

Já na ciclovia da Avenida Amaral Gurgel, que fica sob o Minhocão, a diferença entre as duas tabelas de preço ficou em R$ 365 mil no mesmo tipo de amostragem, 6,7% mais caro do que era possível ter pago. No caso da lavagem de rua, a auditoria apontou que o preço estipulado no contrato fechado pela SPTrans foi de R$ 180 mil, quando o valor previsto para o serviço na ata da Coordenação das Subprefeituras seria de R$ 28 mil.

No mais, o tribunal alega que essas obras deveriam ter sido contratadas por licitações específicas para essa finalidade. “As obras das ciclovias da Paulista e da Amaral Gurgel foram feitas com base em Ata de Registro de Preços, sem licitação específica, conforme recomendado pela auditoria e as obras se iniciaram no dia 5 de janeiro de 2015, sendo que as providências adotadas ocorreram durante o período de festas de fim de ano, Natal e ano-novo, justamente o período em que o TCM está em recesso”, ressalta o órgão.

O relatório também aponta que os fiscais vistoriaram as obras das duas ciclovias em abril e constataram deficiência na demarcação das vias, falhas de sinalização, supressão de espaço para pedestres, problemas de aderência das tintas, irregularidade na colocação de gradis, falhas de projeto e iminência de riscos de acidentes, por causa da falta de segurança para ciclistas e pedestres. No início de agosto, eles retornaram aos locais e concluíram que nada havia sido alterado.

A Prefeitura de São Paulo esclareceu, em nota, que “cumprindo orientação da Controladoria Geral da União (CGU) e do Tribunal de Contas da União (TCU), aplicou a modalidade pregão eletrônico para a elaboração de ata de registro de preços para sinalização viária (serviço contínuo), que é a designação dos serviços para implantação de ciclovias”.

No caso da ciclovia da Paulista, o secretário de Transportes, Jilmar Tatto respondeu que “foi refeita toda a calçada central, aterrada toda a fiação, tubulação de fibra ótica e mudança na sinalização viária”. Em relação ao Minhocão, a prefeitura diz que “todo o calçamento foi refeito, sinalizado, gradeado nos pontos críticos”.

“É evidente que os preços de uma ciclovia apenas pintada e segregada na rua são diferentes de uma intervenção urbanística, como a da Paulista e do Minhocão. Agora, o conselheiro Edson Simões sabe disso. O Tribunal de Contas acompanhou as obras. Nenhuma obra foi tão fiscalizada pelo Tribunal de Contas do Município como a ciclovia da Paulista”, afirma o secretário.

A Prefeitura diz ainda que “toda a documentação relativa às novas ciclovias de São Paulo, incluindo os projetos executivos e os custos correspondentes, estão disponíveis para consulta na sede da CET e da SPTrans”. (Danielle Cabral Távora)

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