Mão grande – Definitivamente o Brasil é uma incansável usina de escândalos, sem que a sociedade faça o mínimo esforço contra um status quo que corrói diuturnamente a nação. Não bastassem os seguidos casos de corrupção envolvendo ministros e assessores, o País também enfrenta há décadas, quiçá séculos, o malfadado superfaturamento de obras públicas. E nada acontece para impedir esse tipo de prática.
O mais novo imbróglio está na Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), em Araucária, no Paraná. De acordo com o secretário de Fiscalização de Obras do Tribunal de Contas da União, Eduardo Nery Machado Filho, que na quarta-feira (23) participou de audiência pública na Comissão de Infraestrutura do Senado, sete contratos para a execução de obras de reforma e modernização da Repar têm indícios de sobrepreço que podem chegar a R$ 1,4 bilhão. O eventual sobrepreço corresponde a 23% do total dos contratos, que juntos somam R$ 7,7 bilhões.
Na audiência requerida pelo senador Alvaro Dias (PR), líder do PSDB no Senado, Eduardo Nery ressaltou ainda que a análise inicial de 19 contratos levou o Tribunal a sugerir a inclusão de toda a obra de modernização da refinaria no quadro-bloqueio do Orçamento da União, recomendação acolhida pelo Congresso Nacional, mas que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva preferiu ignorar.
Em março de 2010, o ex-presidente Luiz Inácio da Silva e a então chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, participaram de evento oficial na Repar, ao lado do ex-governador e agora senador Roberto Requião (PMDB-PR), o que coloca o trio sob suspeita. Certa feita, Lula, no afã de provocar seus opositores, lançou o bordão “nunca antes na história deste país”. E pela primeira vez foi possível comprovar uma profecia do ex-metalúrgico.