Votação do pacote anticorrupção é adiada e brasileiros ganham mais tempo para pressionar deputados

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Diante da ausência de consenso sobre a anistia ao caixa 2, manobra rasteira que está sendo gestada no âmbito do pacote de medidas anticorrupção, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), decidiu transferir para a próxima terça-feira (29) a votação da matéria em plenário.

Se por um lado os parlamentares ganharam tempo para novas negociatas, a sociedade brasileira viu prorrogada a chance de pressionar a classe política, que tenta oficializar a roubalheira no País. Isso mostra que é preciso uma reação imediata e permanente dos brasileiros até o momento em que o projeto anticorrupção for levado ao plenário da Câmara.

Ao anunciar a decisão, Rodrigo Maia, que até outro dia era um parlamentar inexpressivo, mas agora começa a colocar as “mangas de fora”, mandou um recado ao Ministério Público Federal, que levou ao Parlamento a proposta de iniciativa popular. O presidente da Câmara disse que os deputados têm independência para aprovar ou rejeitar qualquer matéria.

“Ninguém pode se sentir ofendido por uma decisão onde o plenário da Câmara é soberano. Isso (anistia do caixa 2) tem sido dito para denegrir a imagem do Parlamento”, afirmou.

É importante ressaltar que o Parlamento federal não precisa de ajuda externa para ter a própria imagem denegrida. As lambanças protagonizadas por deputados e senadores são suficientes para que isso ocorra sem esforço extra. Basta verificar o número de políticos envolvidos no Petrolão, número que deve aumentar de forma exponencial na esteira da delação coletiva da Odebrecht.


Maia entrou no jogo sujo do Palácio do Planalto, que teme pelos desdobramentos da Operação Lava-Jato. Com as investigações avançando na direção do primeiro escalão do governo de Michel Temer, podendo alcançar inclusive o próprio presidente da República, a ordem é tentar de tudo para evitar o pior, mesmo que isso gere uma dura reação da opinião pública.

De olho na reeleição à presidência da Câmara, algo que descartou ao assumir mandato tampão, Rodrigo Maia abriu a mesa de negociações e busca apoio palaciano para sua empreitada política. Em contrapartida, comandará o golpe contra a Lava-Jato e o combate à corrupção.

Na manhã desta quinta-feira parlamentares não descartavam a possibilidade de rejeitar na íntegra o texto do relator Onyx Lorenzoni (DEM-RS), apresentando na sequência um substitutivo, certamente recheado de armadilhas. Horas depois, os deputados aprovaram caráter de urgência para a apreciação e votação das medidas anticorrupção.

A manobra provocou um acalorado bate-boca no plenário no momento em que deputados tentavam aprovar um requerimento para que todas as votações fossem nominais. Como no caso em questão ninguém quer assumir a paternidade do golpe, a ideia inicial era alegar que a anistia ao caixa 2 foi uma decisão das lideranças partidárias.

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