(*) Eduardo Salles Pimenta
O ceticismo nasceu com Pirro de Elis (360-270 a.C.), que apesar de nada ter escrito, tal como Sócrates, também teve em seu discípulo Timon de Filios (325-235 a.C.), tal como Sócrates teve Platão. Frisa-se que entre os sucessores de Sócrates, encontram-se os megáricos tidos como precursores do ceticismo, entre o mestre de Pirro, Brison. A filosofia cética concentrava-se mais na prática, na atitude e no modo de viver. Pirro teve como mestre Anaxarco de Abdera, e conta-se que o distanciamento e a indiferença das sensações foram filosoficamente absorvidos por Pirro em contato com a prática indiana de faguires e yogas (gimnosofistas).
Danilo Marcondes reporta-nos as respostas dada por Pirro a três questões fundamentais: “1) Qual a natureza das coisas? Nem o sentido nem a razão nos permitem conhecer as coisas tais como são e todas as tentativas resultam em fracasso. 2) Como devemos agir em relação à realidade que nos cerca? Mais exatamente: porque não podemos conhecer a natureza das coisas, devemos evitar assumir posições acerca disto. 3) Quais as conseqüências dessa nossa atitude? O distanciamento que mantemos leva-nos à tranqüilidade.” O que podemos sintetizar em: nem os sentidos nem a razão podem proporcionar o conhecimento verdadeiro, por isso evite fazer ou suspenda os juízos (afirmativos ou negativos) e permaneça indiferente. O que poderíamos popularmente identificar com a expressão: TÔ NEM AÍ. Dentro desse comportamento, segundo Pirro, se alcançaria a imperturbabilidade da alma (ataraxia) e por conseqüência a felicidade (eudaimonia).
Administrar implica ter conhecimento das necessidades, para propiciar o desenvolvimento de todos os envolvidos, e quando falamos em desenvolvimento, equivalemos da máxima: o importante é ensinar a pescar e não dar o peixe.
O Governo Lula com o “Bolsa Família” demonstrou total adesão à filosofia cética, pois diferentemente de se preocupar com a geração de empregos, como faz as ações estóicas de Barack Obama, procura satisfazer o sustento imediato do cidadão criando uma nítida dependência do beneficiário do Bolsa Família à administração petista.
O homem é parte da natureza cósmica, e é essencial ao desenvolvimento da coletividade, residindo em si a razão divina é o princípio de ouro: a toda ação compreende uma reação, causa e efeito. Evoluí-lo implica em gerar a independência deste ou daquele sistema, é propiciar emprego para que ele não dependa do Estado.
Decerto que o equilíbrio no trinômio “um emprego, filhos na escolha e o Bolsa Família” é o ideal, mas a administração Lula oPTou pelo curral eleitoreiro, como no passado os coronéis faziam apoiados pelo poder militar.
A despreocupação de gerar emprego é total nesta administração, talvez porque seria esse o jargão para a indicada sucessora desta administração a suceder o atual presidente.
Administrar sem conhecer a natureza das coisas é uma característica de quem fecha os olhos à causa, por isso nem o sentido nem a razão nos permitirá conhecer as coisas tais como elas são e todas as tentativas resultam em fracasso.
Administração Lula por não querer conhecer a natureza das coisas, como não se ter dinheiro para comprar alimentos é porque não se tem emprego para gerar o ganho de dinheiro, daí administração evita assumir posições acerca disto, ou seja, como gerar emprego.
As dimensões geográficas deste país fazem com que o administrador deva ter uma visão distributiva da geração de empregos, independente da influência político partidária deste ou daquele representante congressista de um ou outro Estado, a influenciar ou pressionar a administração pública federal.
O desinteresse para com a evolução digna do cidadão demonstra pouca evolução do administrador, sobretudo na formação de bons valores que esta administração demonstra, haja vista os envolvimentos desta administração nos escândalos que foram noticiados para conhecimento da opinião pública. Preocupar apenas em satisfazer as necessidades de preservação imediata é uma ação cínica, sabedor que há uma causa a ser sanada para estancar a consequência: o desemprego e a fome.
Não seria mais adequado que tivéssemos uma administração estóica?
58P. 95 – Iniciando a história da filosofia – 7 ed. – Ed. Jorge Zahar – Rio de Janeiro – 2002.