A preservação de si e dos humanos: nepotismo, um mal político ou um princípio humano?

    (*) Eduardo Pimenta

    É princípio natural do ser animal (racional ou irracional) a preservação de si e depois dos seus. Para isso usa de todas as prerrogativas na defesa de sua sobrevivência. Se o viver depende de qualidade material esta deverá ser conquistada, com o necessário empenho e com o auxilio do instinto de preservação.

    Nos animais racionais o discernimento, a razão e o seu uso, permitem as articulações para a obtenção do poder com vistas a preservação de si e dos seus.

    Na política partidária isto é fácil de ser percebido, quer na disputa de cargos (eletivos, de chefia, comissionados, etc.), quer na nomeação de parentes no poder executivo, judiciário e legislativo.

    Inicia-se as articulações para a disputa pela sucessão política da Presidência da Republica. Eleito, em ultimo escrutínio, Luiz Inácio Lula da Silva, preservou a si e os seus no controle das decisões, permitindo a preservação de todo um colégio de afins e correligionários nos diversos escalões. O que para tanto, se fez mister, o apoio de outras lideranças, pois não conseguiu no Congresso Nacional a maioria necessária para a aprovação de seus projetos e trabalhos legislativos.

    Em uma panorâmica político-partidária da situação encontra-se um hiato, que consiste em quem seria o sucessor natural do Presidente. Não há no seio do partido alguém que tenha a experiência, a liderança e o carisma do reeleito Presidente. Assim constatamos que não há um nome dentro do partido, que sucedesse o Presidente.

    Inabilidade política do partido ou do Presidente?

    O passado político brasileiro mostra, que o principio da preservação esteve presente nas mais diversas administrações, UDN, PSD, MDB, por que não a ARENA, etc. A história, como valor para a memória, foi esquecida? Tancredo Neves fez diversos sucessores, Hélio Garcia, Sérgio Ferrara e Aécio Neves, todos do mesmo partido, ocuparam os maiores cargos no executivo mineiro, em que teve Tancredo Neves como antecessor.

    Bem alguém há de suceder o Presidente, mas quem seria?

    Orbitando ao principio da preservação de si e dos seus, emerge a necessidade de parceria o que é feito com o PMDB, nasce o princípio parceria de preservação de si e dos seus (os mais bem adaptados ao meio sobrevivem, os menos se extinguem). O PMDB com a experiência de sobrevivência, com namoro político com o governador Aécio Neves, hoje mestre da política (haja vista a reconciliação com a ex-mulher, afinal um candidato à Presidência divorciado não é bem aceito), pode vir a ser o nome de consenso para suceder e preservar a si e os seus. Porém devem persuadi-lo a desfiliar-se do PSDB, legenda a qual o referido governador pertence.

    Esta passa a ser uma questão de cortejo e de concessão de vantagens para si e para os seus, em preservação do grupo do governador. Afinal ele demonstrou, com sua eleição em único turno e a conquista de votos para seu candidato à Presidência da República, ter força junto ao eleitor do Estado de Minas, e influência sobre os prefeitos municipais daquele Estado.

    Enfim, podemos dizer que política é uma pratica do principio animal da preservação de si e dos seus, em que qualquer semelhança com o nepotismo é mera coincidência.