Indenizações aos familiares das vítimas do AF447 já são discutidas

Calculadora na mão
É de um oportunismo político sórdido a ideia do ministro da airbus330_08Justiça, Tarso Genro, de criar uma Câmara de Indenizações, vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Econômico, para atender os familiares das 53 vítimas brasileiras do voo AF447, que na noite do último domingo desapareceu sobre as águas do Atlântico. Medida idêntica foi adotada por ocasião do acidente com o Airbus da TAM, mas isso só aconteceu porque ao Palácio do Planalto interessava naquele momento esconder a responsabilidade do governo federal no caso. É bom lembrar que companhias aéreas contam com milionárias apólices de seguro, sendo que a indenização acontece dentro de bases legais, sem a necessidade de qualquer interferência do Estado.

Não podem ser descartados alguns detalhes a partir do momento em que forem pleiteadas as indenizações. As companhias seguradoras, querendo ou não os familiares, tratam do assunto como negócio, ou seja, no cálculo do valor a ser pago ficam de fora fatores emocionais e sentimentais. Uma coisa é o quanto cada vítima poderia perceber no delta de tempo que ainda lhe restava de vida, considerando que a Justiça brasileira já aceita a idade de 74 anos como parâmetro para pleitos indenizatórios. Outra é o quanto a família acredita que o parente perdido poderia ou mereceria ganhar. E o cálculo final se dá através da multiplicação dos anos restantes de vida da vítima pelo valor constante da última declaração de renda entregue à Receita Federal, não sem antes subtrair 27,5%, quinhão referente à insistente e covarde mordida do Leão.

Isso faz com que aqueles morreram no acidente e que contaram a verdade ao fisco brasileiro proporcionarão aos herdeiros indenizações maiores e mais realistas, enquanto os sonegadores contumazes deixarão os sucessores em maus lençóis.