Cigarro eletrônico

Associação que traz o produto ao país se contradiz em relação à comercialização do produto. Anvisa ressalta que o aparelho não possui registro no Ministério da Saúde

(*) Ana Carolina Castro

cigarroEm tempos de cerco fechado aos fumantes, a Associação Nacional de Inventores (ANI) promete a solução aos transtornos causados pela fumaça: o cigarro eletrônico. O Smoking Everywhere – E-Cigarette – é um cigarro eletrônico que está sendo importado dos Estados Unidos pelo Museu das Invenções, ligado à ANI – entidade sem fins lucrativos que apoia e estimula novos produtos. O aparelho é um dispositivo inteligente que, segundo a ANI, servirá de alternativa para quem deseja manter o hábito de fumar sem provocar incômodos a terceiros.
O site do produto informa que o cigarro eletrônico “parece e até tem gosto de um cigarro tradicional, mas não contém alcatrão nem provoca cheiro, combustão, fogo, fumaça ou emissão de monóxido de carbono ou cinzas”. Segundo o site, o E-Cigarette é baseado em tecnologia microeletrônica e é composto por um filtro aromatizado, um nebulizador que provoca fumaça de vapor d’água e um chip inteligente com bateria recarregável de lítio. Durante o funcionamento, uma luz se acende na ponta do aparelho imitando a brasa de um cigarro.
O presidente da ANI, Carlos Mazzei, afirmou que “o maior atrativo do cigarro eletrônico é que ele faz fumaça, porém não incomoda com seu cheiro”. Para ele, o cigarro eletrônico é uma alternativa para fumantes que não conseguem perder o costume de colocar o cigarro na boca ou sentem falta da sensação de soltar a fumaça. Segundo Mazzei, o consumidor alvo do produto serão aquelas pessoas que possuem o hábito de fumar, e não o vício.
A reportagem do ucho.info entrou em contato com a assessoria de imprensa da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), órgão ligado ao Ministério da Saúde, para saber se o produto era aprovado pela instituição e para ter mais detalhes de sua eficácia. Porém a Anvisa informou que o produto não tem registro no Ministério da Saúde, portanto seu comércio é proibido em todo país.
Questionada sobre o assunto, a ANI confirmou que o produto não tem autorização da Anvisa para ser comercializado, mas alegou que a amostra trazida ao Brasil apenas integrará o acervo do Museu das Invenções.

cigarro2 O discurso de Mazzei, no entanto, é discordante com o material de divulgação enviado à imprensa, que afirmava: “No estado de São Paulo, a lei que proíbe o fumo em locais fechados e semiabertos entrará em vigor em agosto. No mesmo mês, estará disponível para comercialização o produto Smoking Everywhere – E-Cigarette – um cigarro eletrônico importado dos Estados Unidos pelo Museu das Invenções”. O texto diz ainda: “A ideia é negociar uma quantidade para trazer ao Brasil a partir de agosto. Por isso, já estamos aceitando pedidos antecipados”. A nota enviada à imprensa informava não só que o produto seria comercializado em agosto, como também estipulava preços aproximados para a comercialização.
O kit, composto de um cigarro, carregador e filtros de reposição, tem previsão de custo de aproximadamente R$ 500. As caixas com cinco unidades de filtros deverão custar cerca de R$ 10 e possuirão várias opções de sabores, como tabaco, cravo, café, baunilha e morango. Apesar disso, a ANI discordou e afirmou que o produto realmente não será comercializado até que a Anvisa aprove. “Quando escolhemos uma empresa que vai importar o produto, essa sim deverá cuidar de todas as aprovações necessárias. Hoje o produto está à mostra somente no Museu das Invenções”, contradiz Mazzei.