Revista britânica escancara escândalos políticos brasileiros

Construindo a fama –
Se o presidente dos EUA, Barack Obama, acredita mesmo que Lula é “o cara”, não é da mesma forma que pensam os ingleses. Pelo menos se forem levados em consideração os apontamentos da edição desta sexta-feira da “The Economist”, que discute em um artigo intitulado “Cassa dos Horrores” a crise no Senado brasileiro.
O texto atribui a crise política tupiniquim à “disposição de Lula em fechar os olhos para escândalos quando lhe convém”, e comenta a pressão para o afastamento do “sobrevivente” José Sarney. Para o periódico britânico, a sobrevivência do presidente do Senado se deve à aliança com Lula, que precisa do apoio do PMDB para respaldar a candidatura de Dilma Rousseff. “Lula disse que Sarney merece mais respeito e culpou a imprensa por inflar o escândalo”, assinala o artigo, e completa: “Mas no momento em que a economia está apenas emergindo de uma recessão, a saga dos ‘atos secretos’ lembra os brasileiros que seus políticos nunca impõem austeridade a si mesmos”.
Vergonhosamente, as enfadonhas peripécias do Senado estão sendo escancaradas mundo afora enquanto, no Brasil, o próprio presidente insiste em negar a crise. “[O Senado brasileiro] tem 81 membros mas, de algum modo, requer quase 10 mil funcionários para cuidar deles”, ressalta a revista sobre a “Casa dos Horrores”, explicando que, dos cargos da Casa, muitos “foram apontados como favores a amigos dos senadores ou simpatizantes políticos”.
E não param por aí os apontamentos das irregularidades. “Muitos senadores, de todo o espectro político, cometeram erros. “Quando o líder do opositor PSDB foi passear em Paris, por exemplo, o Senado pagou a conta do hotel. (Ele diz que foi um ‘empréstimo’). Então parece injusto que Sarney seja o único pressionado a renunciar”, lembra a “The Economist”.